Na cerimónia de encerramento das comemorações do nascimento de Humberto delgado, o presidente da República, Cavaco Silva, apontou o «amor à pátria» desta personalidade que enfrentou o regime salazarista nas eleições presidenciais de 1958, como um «exemplo» e «modelo» a seguir pelo País.
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Nas celebrações, que decorreram no Panteão Nacional, o chefe de Estado considerou que «o legado maior de Humberto Delgado pode resumir-se em palavras singelas: amor à pátria».
«No seu percurso de vida, na sua trajectória pessoal e política há um traço marcante na personalidade do general Humberto Delgado: o patriotismo», prosseguiu, esta quarta-feira, Cavaco Silva.
Nesta ocasião, o presidente da República defendeu ainda que a data deve servir para retirar do percurso de Humberto Delgado «um exemplo e um modelo para as novas gerações».
«A evocação da sua figura não deve dividir-nos, porque todos comungamos do patriotismo e do amor a Portugal que sempre deram sentido à vida do 'general sem medo'», acrescentou.
Cavaco Silva enalteceu também a participação de Humberto Delgado nas eleições presidenciais de 1958, consideradas fraudulentas e nas quais enfrentou o almirante Américo Tomás, considerando-o «uma das figuras mais marcantes da história do século XX português».
«O general Humberto Delgado foi um combatente indomável pela liberdade no seu país, em nome da qual morreu tragicamente», referiu.
Antes das declarações do presidente da República, José Pacheco Pereira lembrou o percurso do «general sem medo».
Humberto Delgado foi inicialmente fundador do Estado Novo e apoiante de Salazar e depois evoluiu para a «oposição ao regime», transição que o ex-eurodeputado do PSD e historiador coloca «na charneira da História».
Pacheco Pereira destacou igualmente a «frase de uma simplicidade brutal» dita por Humberto Delgado em Maio de 1958 Os jornalistas interrogaram-no sobre que postura tomaria face ao primeiro-ministro (Presidente do Conselho dos Ministros) António de Oliveira Salazar e o «general sem medo» respondeu: «obviamente, demito-o».
«Foi uma das frases mais importantes do século XX português», afirmou Pacheco Pereira.
À cerimónia desta quarta-feira no Panteão Nacional, em Lisboa, compareceram, entre outros, o antigo Presidente da República Jorge Sampaio, o primeiro-ministro, José Sócrates, o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e o líder do PSD, Marques Mendes.