O presidente da República, Cavaco Silva, reconhece que o Parlamento não ficou de braços cruzados em relação ao tema corrupção, mas pediu aos deputados para irem ainda mais longe no esforço efectuado no plano legislativo.
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O Presidente da República interrompeu o tema central, a Educação, do discurso feito esta sexta-feira nas comemorações dos 97 anos da proclamação da República, para retomar o apelo que fez há um ano. Neste «parêntisis» pediu um combate eficaz à corrupção.
«Apelo a que os senhores deputados aprofundem o esforço já empreendido para concretizar, no plano legislativo, o ideal republicano de uma maior transparência da vida pública», afirmou Cavaco Silva.
Apesar da chamada de atenção, o chefe de Estado elogiou as «múltiplas iniciativas legislativas» que foram apresentadas no Parlamento.
«Decorrido um ano, registo que na Assembleia da República foram apresentadas múltiplas iniciativas legislativas visando aumentar a eficácia da luta contra a corrupção», disse.
Este apelo de Cavaco Silva acontece um dia depois do antigo deputado João Cravinho, que apresentou vários projectos de combate à corrupção antes de deixar o Parlamento, alguns abandonados pela bancada socialista, ter feito críticas à forma como o PS lidou com a questão.
Em entrevista à revista Visão, quando interrogado sobre o que sobrará das ideias que defende sobre esta questão, João Cravinho confessou: «Foi um dos maiores choques da minha vida ver que aquela matéria causava um profundo mau-estar, era como um corpo estranho no corpo ético do PS».
«Apesar de algumas dificuldades que antevia, não contava com uma atitude de absoluta incompreensão para a natureza real do fenómeno da corrupção», acrescentou o ex-deputado socialista na entrevista.
João Cravinho referiu-se também às preocupações de Cavaco Silva sobre este tema.
«O Presidente da República fez um discurso, em Outubro de 2006, centrado só neste problema. Suponho que o PS terá em atenção que seria desagradável forçá-lo a voltar a este assunto. Portanto, acredito que, de uma maneira ou de outra, esse problema, do ponto de vista formal, terminará nesta sessão legislativa», afirmou João Cravinho na entrevista à revista Visão.