Um estudo realizado pela Associação para o Planeamento da Família sobre o aborto clandestino em Portugal conclui que cerca de 17 mil mulheres recorrem, anualmente, à interrupção voluntária da gravidez.
Corpo do artigo
A Associação para o Planeamento da Família apresenta, esta quarta-feira, os resultados de um estudo, no qual se conclui que há anualmente 17 mil mulheres que recorrem à interrupção da gravidez.
Neste estudo, cujos resultados foram hoje antecipados pelo «Jornal de Notícias», há também um cálculo sobre o número de mulheres portuguesas que já terão feito um aborto.
Das duas mil mulheres inquiridas, 14 por cento admitiram ter interrompido voluntariamente a gravidez.
Extrapolando este número para a totalidade da população portuguesa, conclui-se que 355 mil mulheres já terão feito um aborto.
Nas interrupções voluntárias da gravidez verificadas, cerca de três quartos aconteceram até às dez semanas, o que significa que, se a alteração à lei que vai ser referendada já estivesse em vigor, 72 por cento dos abortos seriam legais.
Com a despenalização até às 12 semanas, esta percentagem ficaria nos 90 por cento.
O estudo contraria ainda aqueles que dizem que o aborto pode ser usado como medida anticontraceptiva, já que mais de 80 por cento das mulheres que admitiram ter feito um aborto só o fizeram uma vez.
Por outro lado, o estudo conclui que o aborto é um fenómeno transversal à sociedade portuguesa, com cerca de um quarto das interrogadas a afirmar que quando o fez ainda estudava no ensino secundário.
Para a investigação, levada a cabo pela Consulmar, uma empresa de estudos de mercado, foram ouvidas duas mil mulheres com idades entre os 18 e 49 anos.