A ciência russa mantém sectores de vanguarda, apesar da fuga de cérebros, salários de miséria e dificuldades de atracção dos jovens investigadores, segundo afirmou um responsável do Laboratório de Altas Energias, em Dubna.
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O engenheiro Evgueni Plekhanov rejeita o quadro habitualmente desastroso que se traça do estado da ciência russa e dá o exemplo da investigação do átomo no Laboratório de Altas Energias, em Dubna.
«A situação é hoje mais difícil, mas está longe de ser tão dramática como se diz», acrescentou.
No Laboratório de Dubna, a cerca de cem quilómetros a norte de Moscovo, cientistas estudam os segredos do átomo há cerca de 45 anos.
Segundo Plekhanov, em Dubna «vive-se a ciência», já que um décimo dos 60 mil habitantes da cidade trabalham neste laboratório.
O financiamento «deixa muito a desejar. Com um salário médio de cem dólares (cerca de 23 contos) é difícil reter cientistas ou atrair os novos investigadores», realçou o director do instituto de investigação nuclear, Vladimir Khadichevski.
O responsável pelo Laboratório afirmou que muitos colaboradores «ficam aqui apenas pelo amor à ciência».
O laboratório de Dubna, na vanguarda em vários domínios da física fundamental, recebe alguns cientistas estrangeiros e colabora com cerca de 700 institutos de investigação de 60 países.
«Para ser franco, nunca perdemos um investigador por razões financeiras, porque o salário de 100 ou 150 dólares é apenas teórico», explicou Serguei Dmitriev, um dos directores do laboratório de reacções nucleares.
«Desenvolvemos colaborações com empresas que procuram aplicações práticas para as nossas descobertas teóricas», acrescentou Serguei Dmitriev, falando em relação ao desenvolvimento de materiais de síntese para a análise sanguínea ou de componentes para a nano-electrónica.
A investigação aplicada é um factor importante de equilíbrio das finanças do laboratório. No entanto, a época em que os laboratórios dispunham de verbas quase ilimitadas terminou.
«Por outro lado, temos maior liberdade para cooperar com instituições estrangeiras», acrescentou Alexandre Kovalenk, um dos directores-adjuntos do instituto.