Investigadores californianos podem ter encontrado a área do cérebro que é responsável pela forma como nos vemos a nós próprios. Danos nesta área podem alterar profundamente a percepção de como somos.
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Investigadores da Universidade da Califórnia podem ter encontrado a área do cérebro que é responsável pela forma como nos vemos a nós próprios.
A investigação, conduzida por Bruce Miller mostra que os danos causados no lóbo frontal do cérebro podem alterar profundamente a percepção de como somos.
Miller começou a procurar a região responsável pelo sentido do «eu» quando constatou que alguns dos seus pacientes afectados por demência frontotemporal tinham adoptado mudanças radicais nas suas ideias políticas e religiosas, ou até mesmo na sua forma de vestir.
Segundo explicou numa reunião dos membros da Academia norte-americana de Neurologia, em Filadélfia, um dos casos mais claros é o de um empresário bem sucedido de 40 anos que encerrou o seu negócio e iniciou vários trabalhos, dos quais foi consecutivamente despedido por comportamento irresponsável.
Não só mudou, sem razão aparente, os seus hábitos laborais, como alterou também as suas convicções acerca de questões como o sexo, que passaram de puritanas a totalmente liberais, ou o seu carácter em casa, que passou de temperamental e exigente ao de facilitar a convivência.
No estudo realizado pelo neurologista foram analisados 72 casos de demência frontotemporal, uma forma de demência rara, habitualmente dependente de causas genéticas e que aparece até aos 50 anos de idade.
Pelo menos sete pacientes apresentavam alterações no lóbulo frontal, o que sugere que esse campo do cérebro pode ser importante para que as pessoas mantenham a sua percepção acerca de si mesmas, declarou o cientista.