É inédito, mas real. Agora, através do computador lá de casa ou do emprego podemos ajudar a pesquisar novas armas para combater o cancro. Chama-se Cancer Research Project e aposta na união de esforços de computadores e utilizadores em todo o mundo.
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Utilizando a computação distribuída, isto é, a união de esforços de computadores em todo o mundo, uma equipa de investigadores de várias nacionalidades procura acelerar a validação de dados na busca de novos medicamentos para o cancro, segundo informa a TSF.
A professora Maria João Ramos, é uma das directoras associadas deste projecto com a agregação da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Em declarações à TSF, Maria João Ramos afirma que esta experiência é «extraordinariamente emocionante e ainda melhor é estar directamente envolvida nessa aventura».
O objectivo do Cancer Research Project
A ideia é «pôr muitas pessoas pelo mundo fora» a pesquisar moléculas que possam ser capazes de inverter o trabalho das proteínas em células cancerígenas. Graham Richards, responsável em Oxford pelo projecto, explica o centro virtual que foi criado.
«Criámos uma base de dados com cerca de 250 milhões de moléculas que podem vir a ser medicamentos», explica o responsável à TSF.
«Nós vamos pesquisar cada uma delas, o que corresponde a dizer que vamos ter a estrutura de uma proteína em três dimensões que está envolvida no cancro e uma pequena molécula que será capaz de a impedir de continuar a trabalhar», acrescenta.
Na prática, esta é uma das formas que as indústrias farmacêuticas utilizam, só que o trabalho é feito com talvez 100 mil moléculas. Agora o Cancer Research Project vai pesquisar 250 milhões.
Para participar basta acesso à internet e um download
Para participar é muito simples. Basta alguma memória livre no computador, ligação à internet, ir ao endereço electrónico www.ud.com , fazer um download de um programa e a máquina trata da análise dos dados e da comunicação dos resultados ao computador central.
«Quando se ligar à internet, o computador central irá enviar-lhe uma centena destes 250 milhões de moléculas. Depois de pesquisar essas moléculas, os resultados vão ser enviados para o centro e irá receber mais 50», explica à TSF.
«Se uma das moléculas tiver um comportamento que indique poder funcionar como medicamento fica registado no ecrã como 'hit'», acrescenta.
A rapidez da pesquisa depende muito da capacidade do computador. Mas como calcula o representante da empresa norte-americana que desenvolveu a tecnologia, em média demorará «20 a 24 horas para estudar as moléculas».
Resultados serão analisados daqui a um ano
O Cancer Research Project vai durar um ano e depois todos os resultados vão ser analisados pela equipa de Graham Richards.
«Acreditamos que uma em cada dez mil moléculas vá ser registada como 'hit'. Com isso, podemos ter muitas centenas de milhares de compostos. Depois, vamos voltar a analisá-los e o computador irá definir as semelhanças entre eles», conclui.
Este projecto pode então conseguir encontrar novos medicamentos, três a cinco anos mais cedo do que seria normal. Certo é que há uma semana, duas horas depois da conferência de imprensa de apresentação, três pessoas por segundo aderiam ao projecto, demonstrando já resultados bastante positivos.
«Até agora, desde o lançamento do projecto na semana passada, já conseguimos envolver mais de 200 mil pessoas», acrescenta Richards.
Para já, o programa pode ser instalado em PCs com o Windows 95, 98, 2000 e o Windows NT. Porém, lá para o final do ano, a United Devices espera ter concluída uma versão para Machintosh.