O volume de compras on line a nível nacional entre Julho de 1999 e Junho de 2000 quase duplicou, rondando os dois milhões de contos, conclui um estudo da Unicre e da plano21.com apresentado hoje.
Corpo do artigo
O estudo, «Os portugueses e as compras na net», revela ainda que maior escolha e variedade de produtos e serviços levariam 26,7 por cento dos inquiridos a comprar mais na Internet.
Segundo Luís Novais, administrador da vector 21.com e principal responsável pela coordenação do estudo, o valor indicia que as empresas nacionais ainda não apostam em «caprichos de mercado».
«A oferta é ainda muito generalizada», disse, acrescentando que a maioria dos negócios on line limita-se a ser uma exportação dos conceitos do mundo real, o que acaba por se revelar uma estratégia errada.
Talvez por isso, 65 por cento das compras dos portugueses são efectuadas em lojas electrónicas estrangeiras, confirma o estudo, apesar da crescente tendência para que a situação se altere.
«As nossas previsões apontam para que o valor das compras on line suba para os 5,7 milhões de contos em 2001», afirmou Luís Novais.
O estudo, resultado de 2.500 entrevistas telefónicas, permite traçar outras considerações sobre a taxa de penetração da Internet nos hábitos nacionais.
Uma das principais conclusões do estudo aponta no sentido de um ligeiro aumento no número de utilizadores de Internet (13 por cento em 1999 e cerca de 14,5 em 2000), mas principalmente na intenção de o fazer, que duplicou (24,4 por cento dos inquiridos).
Outra das transformações verificadas foi o crescimento do acesso a partir de casa, que no espaço de um ano subiu de 34 por cento para 50,8 por cento.
Relativamente ao comércio electrónico, a situação não regista mudanças tão significativas. De 1999 para 2000 apenas subiu 0,8 pontos percentuais a percentagem de lares com pelo menos um utilizador de Internet que já fez compras on line (de 1,2 para 2 por cento).
No entanto, advertiu Luís Novais, o impacto da Internet no comércio não pode ser apenas medido através da facturação on line.
A percentagem de lares, com pelo menos um utilizador de Internet, onde se tomaram opções de consumo após pesquisa elaborada na rede é de 32 por cento, em 2000.
O perfil do comprador on line português reparte-se pelos quadros superiores (32 por cento) e pelos estudantes (25 por cento), que constituem os dois principais públicos-alvo a ter em conta por quem pretende investir na Internet, ressalvou Luís Novais.
À questão porque não faz compras na Internet, a maioria dos inquiridos (53,5 por cento) mostra relutância em fornecer dados pessoais, questiona a segurança das transacções e prefere ver fisicamente os produtos que compra.
A taxa de satisfação perante o comércio electrónico é elevada, já que 97,7 por cento dos portugueses que compraram on line pensam repetir a experiência nos 12 meses seguintes.
Outra tendência aferida pelo estudo é o aumento do valor gasto em compras on line. Em 1999, apenas sete por cento das compras excediam a marca dos 50 mil escudos, percentagem que subiu para os 23,3 por cento este ano.
Os produtos mais adquiridos são livros (39,1 por cento), CD's ou cassetes (20,3 por cento) e produtos informáticos (12,5 por cento), refere o estudo.
Avaliando a distribuição geográfica dos compradores, verifica-se que 34 por cento vivem na capital mas que as maiores taxas de adesão ao comércio electrónico registam-se nas regiões periféricas.
A percentagem de utilizadores da Internet que faz compras on line é, por exemplo, de 33 por cento nos Açores, o que pode significar a constituição de «novas centralidades», classificou Luís Novais, referindo ainda as potencialidades da situação quando aliada ao tele-trabalho.
Perante a possibilidade de adquirirem produtos on line, 76 por cento dos inquiridos (utilizadores da Internet) indicaram que essa hipótese não consta das suas intenções nos próximos 12 meses.