Condução monótona em auto-estrada pode provocar acidentes

Segundo o neuropsicólogo Nelson Lima, o esforço de concentração aplicado na condução de um automóvel em condições monótonas e solitárias, por períodos superiores a 60 minutos, pode provocar alterações no estado de consciência do condutor fazendo-o entrar em estados semelhantes ao de transe hipnótico.

Nelson Lima explicou à TSF que «a paisagem que é constante, a estrada que é constante, o ruído do motor e do rodado do automóvel que é constante» podem provocar «um estado alterado de consciência» que provoca «perturbações a nível microscópico nas ligações eléctricas entre numerosos milhões de neurónios de várias regiões do cérebro».

Estes estímulos repetidos podem assim ser, por si só, a causa de vários acidentes aparentemente inexplicáveis, uma vez que provocam um estado de hipovigilância, ou seja, a perda de concentração e a dificuldade em reagir imediatamente a situações de emergência.

Testes em laboratório confirmam tese

Nelson Lima sublinha que este não é ainda um estudo com bases científicas. Porém, alguns testes realizados no laboratório do Instituto de Inteligência, no Porto, podem sustentar a sua teoria.

Segundo o investigador, durante simulações de condução feitas em laboratório «acontece sempre esse estado alterado de consciência». Nelson Lima acrescenta que «não há uma perda de consciência», mas sim, «uma alteração do estado de consciência com perda da capacidade de vigilância activa» sobre o que a pessoa está a fazer.

A duração deste estado de transe hipnótico é variável, podendo ir de «vários segundos a vários minutos», diz.

Nelson Lima é investigador da universidade americana de Bircham e trabalha também no Instiututo de Inteligência, uma entidade privada de investigação, sediada no Porto.

O que há a fazer

O cientista aconselha a que os condutores vão alterando a velocidade, que evitem conduzir durante períodos superiores a uma hora e meia consecutiva (45 minutos de noite), não ingiram bebidas alcoólicas e não conduzam fatigados.