O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, defendeu hoje a actuação da instituição no caso BCP, considerando que acautelou todos os interesses em jogo, mas as explicações que deu no Parlamento não convenceram os partidos da oposição.
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Na audição, Vítor Constâncio revelou que os processos de contra-ordenação que o Banco de Portugal abriu no final de Dezembro contra o BCP nada têm a ver com as off-shores investigadas em 2003 e são relativos a um segundo
conjunto de entidades sedeadas em off-shores, no total 17, das quais se desconhece ainda os proprietários.
O governador do Banco de Portugal frisou que a existência destas 17 off-shores foi ocultada e que a instituição, com as suas capacidades de intervenção, «não tinha real possibilidade de as ter identificado».
«Nem nós, nem a CMVM, nem os auditores tínhamos possibilidade de saber que existiam», disse.
Logo no início da prolongada audição parlamentar - mais de cinco horas - Constâncio declarou-se limitado pela lei do sigilo bancário e sigilo profissional, e considerou que essa inibição se estende a uma comissão parlamentar de inquérito, razões que não desmotivaram o CDS-PP de defender essa figura para esclarecimento de todo o processo que rodeia o BCP.
O governador do Banco de Portugal assegurou que não existem situações de risco específico iminente no BCP nem estão em causa os rácios de capital.
Também «não existem acusações deduzidas contra quem quer que seja», disse Constâncio, acrescentando que «a dimensão das operações sob investigação nunca poria em causa a capacidade» do maior banco privado português em desenvolver a sua actividade.
O responsável desvalorizou ainda o pedido de demissão ou sujeição a uma comissão de inquérito feito pelo líder do CDS-PP, afirmando que prestou «esclarecimentos cabais» ao Parlamento.
Questionado à saída da audição, Constâncio deixou um recado ao afirmar que as pessoas devem «assumir as responsabilidades das suas decisões».
«Espero que todos reflictam sobre isso», frisou ainda o governador do banco de Portugal, referindo-se neste ponto às avaliações positivas que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial fazem sobre o sistema financeiro português e também sobre a supervisão do sector.