Molly Nash e o irmão Adam, de poucos meses de idade, são o centro da nova controvérsia sobre manipulação genética. Molly de seis anos sente pela primeira vez que as defesas do seu organismo começam a funcionar e que o seu irmão lhe salvou a vida.
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Uma criança de seis anos do Colorado (EUA), sente pela primeira vez que as defesas do seu organismo começam a funcionar e que o seu irmão, nascido através de selecção genética, lhe salvou a vida.
Molly Nash e o irmão Adam, de poucos meses de idade, são o centro da nova controvérsia sobre manipulação genética, mas também um exemplo de solidariedade fraternal propiciada pela ciência.
«O meu irmão vai dar-me sangue para que fique boa», explicava Molly a 03 de Outubro, horas antes de os médicos lhe transplantarem células do cordão umbilical do irmão, nascido a 29 de Agosto.
Os especialistas do Centro Médico da Universidade do Minnesota, que realizaram o transplante, informaram que tudo correu bem e Molly, afectada por uma grave e estranha doença, está a desenvolver um novo sistema imunitário.
O caso não teria nada de novo se Adam não tivesse nascido mediante selecção genética.
O seu embrião foi fruto de uma complicada selecção de genes, comprovando que não padecia da mesma doença que a irmã, a anemia Fanconi.
Desenvolvido in vitro, o embrião demonstrou que não tinha defeitos, sendo viável no útero da mãe.
Quando nasceu, Adam tornou-se no primeiro bebé concebido mediante técnicas genéticas, destinado a converter-se no dador das células de que a irmã precisa.
A polémica instalou-se de imediato e numerosas organizações pro vida, eclesiásticas e até científicas, consideraram este caso um exemplo da «criação» de crianças com células cuja arquitectura genética é previamente escolhida.
Os médicos do Instituto de Genética Reprodutiva de Chicago, que efectuaram a selecção dos embriões, afirmam que limitaram-se a realizar provas para encontrar um embrião são e viável.
A doação de medula óssea não comportava risco para ninguém, uma vez que as células foram extraídas do cordão umbilical de Adam, retirado após o parto.
Essas células, denominadas «stem» ou células mãe, são muito parecidas com as da irmã, compatíveis em quase 80 por cento, sendo capazes de reactivar as defesas destruídas de Molly.
No entanto, Arthur Caplan, especialista em ética da Universidade da Pensilvania, expressou a sua renúncia em «conceber seres humanos com o único propósito de servirem de cultivo de células e órgãos para doações».
Os próprios especialistas que realizaram o transplante de Adam em Molly reconheceram que, falhando a primeira tentativa, poderiam cultivar as células da medula da criança para tentar de novo.
«O que sabemos com segurança é que, pela primeira vez em anos, o sistema imunitário de Molly fabrica neutrófilos e plaquetas», os glóbulos brancos e células que defendem o organismo contra bactérias, vírus e doenças.