O romancista de sucesso Dan Brown foi, esta segunda-feira, acusado em Londres de ter roubado para o seu "best-seller" «O Código Da Vinci» as ideias de um outro livro, publicado em 1982 por dois britânicos.
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Dan Brown, 41 anos, esteve presente na abertura do processo, que deverá prolongar-se por duas semanas.
Jonathan James, o advogado dos dois queixosos, Michael Baigent e Richard Leigh, acusou Brown de se ter «apropriado» do «tema central» da sua obra «The Holy Blood and the Holy Grail» (editada em Portugal pela editora Livros do Brasil com o título «O Sangue de Cristo e o Santo Graal»), escrita após vários anos de investigações, atentando assim contra os seus direitos de autor.
Os dois britânicos - um terceiro co-autor, Henry Lincoln, não se associou à queixa - processam a editora Random House, que publicou no Reino Unido a obra de Dan Brown, traduzido para 44 línguas e de que já se venderam perto de 40 milhões de exemplares no Mundo desde a sua primeira edição, em 2003.
Dan Brown nunca fez mistério do facto de conhecer o trabalho dos três britânicos, também um "best-seller" cujas vendas aumentaram com a edição do «Código Da Vinci». Menciona-o no seu romance, juntamente com três outras obras, e baptizou uma das suas personagens com o nome de Sir Leigh Teabing, um anagrama dos nomes dos dois queixosos.
A Random House, por seu turno, recusa qualquer ideia de plágio ou de «atentado aos direitos de autor» de Baigent e Leigh, sublinhando que não existem «direitos» sobre as ideias ou as teorias históricas.
Hoje, num comunicado, a editora, que também publica os trabalhos dos dois queixosos, considerou que a queixa carecia de qualquer fundamento e declarou-se confiante em vencer o caso em tribunal.
«O Sangue de Cristo e o Santo Graal», obra pseudo-histórica, afirma que Jesus poderia não ter morrido na cruz, ter-se-ia casado com Maria Madalena e vivido em França, e que a sua descendência teria sido protegida pela Ordem dos Templários.
Os autores sugeriam ainda que a igreja católica teria procurado eliminar os seus descendentes durante o período da Inquisição.
Quando da sua publicação, o livro foi severamente julgado pelos historiadores.
A trama do «Código Da Vinci», que se inicia com um assassínio no Museu do Louvre, em Paris, retoma alguns destes elementos, mas não a ideia de que Jesus não teria morrido na cruz.
«Sugerir um Jesus casado é uma coisa, mas pôr em causa a Ressurreição mina o próprio coração da crença Cristã», declarou hoje Dan Brown, que deverá depor na próxima semana, a jornalistas à porta do tribunal.
Se os dois queixosos vencerem o processo, conseguindo impedir a utilização do material que dizem ser seu, poderá estar em risco a estreia, prevista para 19 de Maio, do filme «O Código Da Vinci», com Tom Hanks e Ian McKellan.