A vida em cores. Assim se pode descrever o espectáculo que a brasileira Daniela Mercury e os seus convidados muito especiais, trouxeram, sábado, a Lisboa, durante mais de duas horas de ritmo contagiante.
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O Pavilhão Atlântico transbordou de uma mistura de sons brasileiros com elementos do soul, funk, house e dance. Daniela Mercury inventou um samba diferente, fazendo disparar a dança entre o público que assistiu, ontem, ao espectáculo do «Furacão da Baía».
Mas Mercury não foi apenas ritmo, conseguiu montar uma exibição onde outros sentidos, além do da audição, foram estimulados. Um concerto em que toda a audiência participou, cantou e foi abordada pelo amor com delicadeza e vitalidade.
Transmitindo ao público que «vocês são a alma do show», a cantora brasileira trouxe a Lisboa uma explosão de alegria com o poder da sua voz, do seu corpo, e com o fascínio potente dos batuques baianos.
Dona de uma interpretação vigorosa, a «guerreira da voz» sacudiu estrelas num apelo à dança e ao movimento da assistência, que pôde ouvir canções como «Mutante», «Nobre Vagabundo», «O Canto da Cidade», «Pérola Negra», «Rapunzel», entre outros sucessos discográficos da artista.
Na actuação com Jovanotti, que dançou de uma forma muito divertida, baixaram ao palco gigantes vestidos flutuantes nos quais a rainha da axé music se escondia num jogo de sedução.
Como um presente não esperado surge, a meio do espectáculo, uma espanhola que respira e transpira flamenco. Rosário Flores apresentou, numa entrega apaixonada, música com força e inspiração.
Mas o ponto alto da noite foi um pouco português, a «Canção do Mar» cantada a duas vozes arrebatou o Atlântico rendido ao domínio vocal de Dulce Pontes e Daniela Mercury.
Mercury foi o primeiro fenómeno baiano a estourar em todo o Brasil. Bonita, talentosa e com swing, era o perfil perfeito para abrir as portas de um mercado extremamente competitivo e controlado.
A passagem por bares de prestígio foi o passo inevitável no seu percurso rumo ao sucesso. Hoje, a cria da noite, corre os palcos do mundo fazendo acontecer, e como diz numa de suas canções «sou de qualquer lugar», mas com Portugal no coração.