O ministro do Trabalho e das Pensões britânico, apresentou esta quarta-feira a demissão ao primeiro-ministro, Tony Blair, depois de a imprensa provar que David Blunkett violou várias vezes o código de conduta ministerial.
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No final de uma semana de intensa polémica, o ministro reuniu-se esta manhã com Blair, tendo o gabinete de Downing Street confirmado, no final do encontro, que Blunkett abandonava o executivo pela segunda vez.
De acordo com a versão oficial do Governo, a iniciativa da demissão partiu de Blunkett e o primeiro-ministro terá «concordado, mas com relutância».
No centro da polémica está a actividade profissional que o político desenvolveu no último período em que esteve fora do Governo, ou seja, entre Dezembro de 2004 e Maio de 2005.
Em Inglaterra vigora um código de conduta ministerial rigoroso, que obriga todos os ministros que abandonam o Governo a consultar uma comissão de ética sempre que tencionem assumir qualquer função numa empresa privada menos de dois anos depois de saírem do executivo.
A comissão, que serve para aconselhar sobre possíveis situações de incompatibilidades ou conflitos de interesses, não foi informada que Blunkett aceitou trabalhar como consultor para três empresas inglesas, depois de abandonar o Governo em Dezembro de 2004.
Nos últimos dias, a imprensa britânica revelou estas relações profissionais, uma a uma, aumentando a pressão sobre o ministro e retirando-lhe o apoio de alguns deputados trabalhistas, que o criticaram publicamente.
O mais determinante para este desfecho, no entanto, parece ter sido o facto de Blunkett ter comprado acções de uma das empresas em que trabalhou, já em plena campanha eleitoral, ou seja, quando já tinha informações que voltaria a integrar o Governo.
Apesar de tudo isto, Tony Blair aceitou sempre as justificações do ministro e chegou mesmo a dizer que a sua confiança era «inabalável» e que o assunto estava «encerrado».
Blunkett foi ministro da Administração Interna de Tony Blair, de 2001 até Dezembro de 2004, altura em que foi forçado a demitir-se na sequência de um escândalo relacionado com a sua vida pessoal.
Nesta altura, Blunkett foi acusado de ter facilitado a obtenção de um visto para uma empregada filipina da amante.
O primeiro-ministro voltou a chamá-lo para o executivo quando foi reeleito em Maio, desta vez para ocupar o lugar mais discreto de ministro do Trabalho e das Pensões.