Uma deputada de Aveiro acusa a EDP destruir ninhos de cegonhas-brancas construídos em postes eléctricos do Baixo Vouga Lagunar, zona de protecção ambiental. A empresa garante que apenas os transferiu para locais mais seguros.
Corpo do artigo
A deputada Carolina Pinho, eleita pelo PS no órgão deliberativo de Estarreja, disse à agência Lusa que apresentou uma queixa na GNR «contra desconhecidos», mas admitiu que a EDP é o alvo do protesto.
A deputada municipal declarou-se «indignada» com o caso, uma vez que 20 por cento das famílias de cegonhas-brancas escolhe os postes da EDP para construção dos seus ninhos.
Contactado pela Agência Lusa, o serviço de Relações Públicas da EDP em Coimbra rejeitou as acusações, assegurando que apenas procedeu à transferência dos ninhos para zonas «mais seguras».
«O que estamos a fazer é montar estruturas metálicas no topo dos postes, para onde transferimos os ninhos, a fim de evitar que as aves morram electrocutadas», disse a fonte das Relações Públicas da empresa.
EDP nega
De acordo com a explicação fornecida à Lusa, a empresa construiu nas suas oficinas estruturas «tipo roda de carro de bois», que prende no topo dos postes, para onde transfere os ninhos.
O objectivo, explicou a fonte, é evitar que as aves, ao levantarem voo, batam com as asas nos fios de média tensão e morram por electrocussão.
A mesma fonte disse que a EDP adopta este procedimento «há muitos anos», em colaboração com especialistas na matéria, considerando ser do seu próprio interesse evitar a morte das aves, que poderia provocar problemas nas linhas e afectar o serviço aos seus clientes.
«Se é esse o procedimento, está correcto, mas vamos ter de confirmar face às inúmeras denúncias de sentido contrário», reagiu o dirigente de associação ambientalista «A Cegonha» Miguel Oliveira e Silva.
Por seu lado, a deputada municipal Carolina Pinho disse ter confirmado que pelo menos um dos ninhos foi retirado de um local onde já existia a protecção às aves referida pela fonte da EDP.
Transferência de ninhos devia ser feita antes
«É revoltante ver as aves à nora. Se queriam realmente transferir os ninhos faziam-no na altura em que as aves estiveram ausentes da região, entre Agosto e Novembro, e não agora», disse.
A cegonha-branca é uma ave pernalta de grandes dimensões - com cerca de um metro de comprimento e dois de envergadura - protegida pelas convenções de Berna (relativa à protecção da vida selvagem e dos habitats naturais da Europa) e de Bona (relativa à Protecção de Espécies Migradoras de Fauna Selvagem) e pela Directiva Aves da União Europeia.
A população deste tipo de aves tem diminuído na Europa devido à destruição do seu habitat natural e aos crescentes níveis de perturbação humana nos locais de nidificação, bem como ao abandono das práticas agrícolas tradicionais e ao uso de pesticidas.