O derrotismo e o pessimismo são os obstáculos a um maior desenvolvimento científico nacional, disse hoje, em Faro, o ministro da Ciência e da Tecnologia, Mariano Gago, no III Forum Internacional de Cientistas Portugueses. Jorge Sampaio apelou a uma maior ligação entrre a ciência e a economia
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O derrotismo e o pessimismo são os grandes obstáculos a um maior desenvolvimento científico português, afirmou este sábado o ministro da Ciência e da Tecnologia, José Mariano Gago, na Universidade do Algarve, em Faro.
O governante falava na sessão de abertura do III Forum Internacional de Investigadores Portugueses, que junta, entre hoje e terça-feira, mais de 200 cientistas nacionais que desenvolvem o seu trabalho em Portugal ou no estrangeiro.
«Este é um momento de viragem, não só no sistema científico e tecnológico de Portugal, mas em todo o processo de desenvolvimento do país», sublinhou Mariano Gago.
A internacionalização do sistema científico e tecnológico nacional e a instituição de um sistema de avaliação independente, constituído, na maioria, por júris estrangeiros, foram, segundo o governante, os elementos centrais na «profunda reforma da ciência em Portugal nos últimos anos».
«No plano da cooperação internacional, foram removidos os velhos bloqueios portugueses», disse, sublinhando a presença de Portugal em todas as grandes organizações científicas internacionais.
Além disso, Portugal é já, também, um espaço de acolhimento de jovens investigadores estrangeiros. Actualmente, existem cerca de 160 cientistas provenientes da União Europeia, Ásia, Europa de Leste e América a realizarem bolsas de pós-doutoramento no país, financiadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
No entanto, o atraso institucional ainda não está superado. Se Portugal possui hoje 3,1 investigadores por mil habitantes, contra os 2,4 por mil que tinha em 1995, ainda está longe da média europeia de 5 cientistas por mil habitantes, um atraso que o Ministério da Ciência e da Tecnologia quer superar nos próximos 5 a 10 anos.
Dirigindo-se especificamente aos jovens investigadores portugueses, o ministro sublinhou que é necessário «trabalhar melhor, saber mais e incutir a ética do estudo e da competência nas gerações futuras».
O ministro apelou também a uma maior intervenção das empresas neste processo, uma preocupação corroborada pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, que presidiu à sessão de abertura deste Forum.
«A relação entre a ciência e a economia, as universidades e as empresas, tem de ser muito mais desenvolvidas em Portugal», afirmou Jorge Sampaio.
Apesar de se definir como um «homem de letras», o Presidente da República considerou que, durante o seu primeiro mandato em Belém, tentou introduzir, sistematicamente, a ciência no conjunto das preocupações e desafios da sociedade portuguesa.
«Já não existem grandes temas em que a ciência não participe e é ela que pode contribuir para nos dar respostas mais racionais e menos emotivas», disse, sublinhando que a ciência tem de se assumir cada vez mais como uma dimensão da cooperação bilateral e multilateral.
Na sessão de abertura do Fórum, que tem entre os seus objectivos a promoção do intercâmbio e da mobilidade dos cientistas, participaram, também, a presidente do encontro, Irene Fonseca, e Adriano Lopes Pimpão, reitor da Universidade do Algarve, que acolheu este III Fórum, sucedendo às Universidades de Aveiro e dos Açores.