As barragens das bacias do Tejo e do Sado têm ajudado a controlar as cheias, retendo a água e fazendo descargas controladas, com o lado espanhol a colaborar.
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No último fim-de-semana, Espanha reteve praticamente toda a água na barragem de Alcântara (a montante do Rosmaninhal, na região fronteiriça do Tejo Internacional) para evitar que uma descarga fizesse aumentar ainda mais o caudal do Tejo.
«Toda a água que entrou foi proveniente da precipitação que ocorreu na zona de fronteira. O único caudal que veio de Espanha foi de afluentes, como o Sever, o Erges ou o Pônsul, que não é possível controlar por barragens. Aí, as cheias naturais passam», explicou o responsável pela área de recursos hídricos do INAG.
As autoridades portuguesas e espanholas mantêm-se em contacto para gerir da melhor forma as descargas e não agravar o problema das cheias.
«Caso o país de jusante (Portugal) esteja com problemas comunica com Espanha para que as descargas sejam feitas numa altura mais adequada», explicou.
Normalmente, adiantou o especialista, as barragens «retardam a chegada das cheias, porque retêm o caudal e depois vão descarregando mais lentamente».
O objectivo é fazer uma «gestão de atenuação», ou seja, armazenar água tanto quanto possível e depois fazer descargas controladas.
«As descargas pontuais na bacia do Tejo permitiram controlar a cheia deforma muito eficaz, já que esta teve um pico muito concentrado e uma recessão (descida de nível) muito rápida», salientou Rui Rodrigues.
A Sul do Tejo, não foi tão fácil controlar o problema porque «as baciasnão têm tanta capacidade de retenção, nem há tantas barragens».
No Sado, em apenas 24 horas, as chuvas encheram a barragem de Pego do Altar (Alcácer do Sal) com 22 milhões de metros cúbicos de água.
Nalguns países existem barragens especificamente construídas para controlar as cheias.
«É uma obra caríssima e sem retorno que normalmente só é construída em zonas muito urbanizadas para minimizar os prejuízos», justificou o técnico do INAG.
Em Portugal, «chegou a haver uma ideia» para construir uma barragem destas na Ribeira das Vinhas, em Cascais, mas o projecto nunca saiu da gaveta.