David Filipe tem 24 anos e atravessa diariamente a fronteira para trabalhar na construção civil, em Espanha. É, segundo o presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, um dos muitos portugueses que engrossa o número do desemprego «mascarado».
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«Se o Governo contabilizasse o número de portugueses que procuram trabalho em Espanha na construção civil, o desemprego não seria de oito por cento (...) Atingiria os dois dígitos», afirmou Menezes, no final do primeiro dia do «Roteiro Mudar Portugal», em que andou pelo distrito de Bragança.
O líder do PSD falou com trabalhadores portugueses, na fronteira de Saucelle (que faz fronteira com a província espanhola de Salamanca) na barragem sobre o rio Douro Internacional, que David e outros colegas de Freixo de Espada à Cinta, no sul do Distrito de Bragança atravessam diariamente.
«Aqui não há trabalho», sustentam mais dois trabalhadores.
Ao contrário de trabalhadores da construção civil de outras zonas do país, que fazem o percurso semanalmente, estes atravessam a fronteira diariamente, até Aldea d'Avila.
«Quarenta e cinco minutos para cada lado», contou Aníbal.
Saem de Freixo às seis da manhã e regressam às cinco da tarde «todos os dias».
Dizem que não ganham mais em Espanha, mas é a única alternativa que têm porque não há trabalho, nem em Freixo nem na região.
«É uma preocupação constatarmos que o desemprego em Portugal não é os oito por cento de que fala o primeiro-ministro», afirmou Menezes.
«Manifestamente atinge os dois dígitos se contabilizarmos os trabalhadores que todos os dias passam a fronteira», acrescentou.
Para o líder social-democrata «esta realidade mascarada do país» só pode ser ultrapassada apostando no interior, que representa dois terços do território nacional.
Menezes lembrou ainda que do outro lado da fronteira há um mercado de 40 milhões (pessoas) e que «é um acto de inteligência apostar no interior e no lado de lá».
Menezes reiterou a promessa do PSD de harmonização fiscal ibérica, se formar governo, no prazo de uma legislatura.
Voltou também a defender a criação de um programa de incentivos, não só fiscais, mas para captar também quadros superiores, por forma a que «o interior possa ser dentro de 4 a 6 anos palco de relançamento da economia nacional».
O presidente do PSD concluiu desta forma o primeiro de dois dias do «Roteiro Mudar Portugal», no Distrito de Bragança.
Sábado continuará no Nordeste Transmontano com um programa que contempla uma conferência temática, em Bragança, sobre o interior e coesão nacional, a cargo de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto.