Os cinco homens do grupo de 14 detidos pela PJ do Porto no âmbito da operação «Noite Branca» que ainda desconhecem as medidas de coacção a que eventualmente serão sujeitos já chegaram ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto.
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Eram esperados no exterior do edifício do TIC por um forte contingente policial e por cerca de duas dezenas de familiares que os encorajaram à chegada com gritos de «força!», ao que detido Bruno Pidá, alegado líder do chamado «gangue» da Ribeira, sempre com pose altiva, respondeu algo incompreensível.
Os cinco detidos deverão ouvir, ao princípio da tarde, o despacho da juíza encarregada dos interrogatórios, Anabela Tenreiro, sendo então informados das respectivas medidas de coacção.
Este é o último grupo dos 14 detidos na operação «Noite Branca» executada domingo pela PJ do Porto na sequência das investigações sobre a violência associada aos negócios da noite no Porto.
Três dos detidos foram libertados logo no domingo, após o primeiro interrogatório policial, efectuado na sede da PJ do Porto.
Os restantes onze foram interrogados segunda-feira no TIC, tendo seis deles ficado a aguardar o julgamento em liberdade, três com termo de identidade e residência e outros tantos com a obrigação de apresentações periódicas na PSP.
A advogada Fátima Castro, que defende dois dos detidos, disse aos jornalistas que durante a manhã foi realizada uma fase do processo tecnicamente designada como «promoção», que consiste na apresentação ao Tribunal dos argumentos dos advogados de defesa e da argumentação da acusação do Ministério Público.
«Não tenho qualquer indicação que possa haver provas» da acusação de terrorismo que é atribuída aos detidos, garantiu Fátima Castro aos jornalistas.
Anteriormente, outro dos advogados de defesa, Luís Vaz Teixeira, tinha afirmado que a acusação de terrorismo deve ser produto de «algum engano».
«Isso deve ser algum engano, suponho que não há aqui nenhum detido acusado de terrorismo», afirmou o advogado aos jornalistas ao chegar ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto (TIC/Porto), cerca das 10:00.
Confrontado com o facto de alguns dos advogados terem referido a acusação de terrorismo, estranhando a sua aplicação a este caso, Luís Vaz Teixeira considerou que «cada advogado pensa como quer, como pode e como sabe».
Inquirido sobre a possibilidade de o seu cliente Bruno «Pidá» Pinto poder vir a ficar em prisão preventiva, dado o tipo de crimes de que está indiciado e ser considerado como o chefe do alegado gangue da Ribeira, o advogado afirmou que «isso é o que muita gente diz, mas pode não ser assim».
Além de Bruno Pidá, conhecem esta quarta-feira as medidas de coacção Mauro Santos, tido por seu braço-direito, Sandro Onofre, Fernando Martins «Beckham» e Ângelo Miguel Ferreira.
Entre os arguidos que terça-feira saíram do TIC sujeitos às medidas de coacção mínimas - termo de identidade e residência ou apresentação quinzenal às autoridades - conta-se João Gonçalves, suspeito de ter cedido uma carrinha usada no homicídio do empresário Aurélio Palha, a 27 de Agosto.
Paulo Aleixo, indiciado de envolvimento em associação terrorista e posse de arma, também saiu em liberdade, tal como José Marques Silva, Fábio Barbosa, Pedro Guerra e Fernando Cavadosa.