O sistema de assiduidade que está a ser testado no Hospital Pedro Hispano, de Matosinhos, provocou a demissão de 19 directores de serviço deste estabelcimento. O director clínico também admite a demissão, mas apenas depois de falar com a tutela sobre o assunto.
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Dezanove directores de serviço do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, apresentaram a sua demissão em protesto contra o sistema de assiduidade por impressões digitais que está a ser experimentado nesta unidade de Saúde.
Manuela Dias, do Sindicato Independente dos Médicos, que entende que esta medida não tem utilidade num hospital onde esta dirigente sindical julgava que tudo corria bem.
«Foram desencantar uma lei de 1998 que estaria na gaveta até agora e que nunca ninguém falou nela e pelo vistos a administração deste hospital provavelmente num dia em que se calhar não teria nada de mais importante para se ocupar foram ver esta recomendação em que viram que esta lei nunca tinha sido aplicada», explicou.
Em conferência de imprensa, o director clínico deste hospital admitiu também a possibilidade de se demitir das suas funções, mas apenas após conversar com a tutela sobre este assunto.
Joaquim Pinheiro explicou que informou de imediato a Administração Regional de Saúde sobre as demissões apresentadas por estes directores de serviço, tendo solicitado uma audiência onde quer discutir a sua permanência ou não lugar que actualmente ocupa.
«Até lá, está assegurada a continuidade de todos os profissionais demissionários nas suas funções», garantiu Joaquim Pinheiro, nessa conferência de imprensa.
A carta de demissão dos 19 directores de serviço deste estabelecimento hospitalar foi recebida pela Direcção Clínica durante a manhã, enquanto decorria um encontro no hospital dos médicos deste estabelecimento com o bastonário da Ordem dos Médicos.
Pedro Nunes considerou que a notícia da demissão dos 19 directores de serviço, pois este tipo de chefias não são facilmente substituíveis.
«As pessoas têm de ter a afectação dos seus pares, têm de ter uma carreira e uma experiência», explicou o bastonário, que lembrou que se fosse bom instalar um relógio de ponto num hospital isso já estaria a ser feito no estrangeiro.
Já o presidente da secção Norte da Ordem dos Médicos lembrou que o sistema que está a ser implementado no Pedro Hispano não só não faz sentido como nem sequer teve um parecer por parte da Comissão Nacional de Protecção de Dados.
«O controlo médico não deve ser um controlo exercido dessa maneira, porque temos, na parte cirúrgica, tempos que vão para além do horário e que muitas vezes começam até antes do horário», acrescentou José Pedro Silva.
Este responsável lançou ainda a ameaça para as administrações hospitalares que apliquem este tipo de sistemas, afirmando que os médicos poderão passar a não fazer horas extarordinárias.