O ex-ministro da Administração Interna, Dias Loureiro recorda a relação de respeito mútuo com José Carreira, que lançou o movimento sindical para a polícia e que faleceu, nesta terça-feira. Carvalho da Silva, da CGTP, destaca o exemplo do sindicalista.
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Dias Loureiro era ministro da Administração Interna quando se deu a manifestação de polícias no Terreiro do Paço, em Lisboa, que pediam a criação de um sindicato para a polícia. A manifestação resultou num confronto entre polícias que ficou conhecido como uma luta entre «secos e molhados».
O então ministro recusou receber José Carreira, que criou a Associação Sócio-Profissional da Polícia (ASPP), mas diz ter recebido com «pesar» a notícia da morte do sindicalista. «Houve de facto divergências, sobretudo sobre a criação do sindicato de polícias. Eu era contra e a ASPP, com José Carreira, era a favor. Fiz o que entendia ser melhor para Portugal e José Carreira fez o que entendia ser melhor para a força que representava».
«Havia relações de respeito e cordialidade, porque a política não é tudo na vida. Há coisas mais importantes e houve uma relação de pessoas civilizadas, que tinham as suas convicções», disse o ex-ministro social-democrata.
José Carreira foi um exemplo «excepcional»
Já o líder da CGTP, Carvalho da Silva, começa por sublinhar o exemplo dado por José Carreira, que ajudou a consolidar a democracia portuguesa. «Deu um contributo excepcional para o sindicalismo, para a afirmação de direitos e da democracia, no contexto do sindicalismo português».
«Há a realçar a sua entrega, a uma causa, uma imensa humildade e solidariedade, numa dimensão humana de sensibilidade extraordinária, num exemplo de sindicalista que deu mais a este país, também do ponto de vista da evolução da sociedade democrática, com uma PSP civilista», recordou Carvalho da Silva.
José Carreira faleceu nesta terça-feira, aos 48 anos, vítima de doença prolongada.