A direcção de informação e os restantes elementos da direcção da RTP apresentaram a sua demissão esta segunda-feira. A administração do canal atribui as demissões a uma «simples discordância». A Oposição quer explicações.
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O director de informação da RTP, José Rodrigues dos Santos, apresentou demissão, esta segunda-feira do cargo, conjuntamente com os restantes elementos que compunham a direcção (Judite de Sousa, Miguel Barroso, Carlos Daniel, Maria José Nunes e Manuel da Costa).
O pedido de demissão seguiu-se a uma reunião com o conselho de administração da RTP e já foi aceite.
A direcção de informação demissionária da RTP emitiu um comunicado onde apresenta a sua demissão mas não explica os motivos que a levaram a tomar esta decisão.
A saída da direcção de informação da RTP surge um mês depois da publicação de uma notícia, no semanário «Expresso», que sugeria alterações na direcção da RTP por iniciativa do Governo.
O semanário, que citava uma fonte do governo, avançou, também, que a continuidade de José Rodrigues dos Santos, enquanto director de infromação, seria algo a avaliar.
Rodrigues dos Santos foi ouvido na semana passada, na Alta Autoridade para a Comunicação Social. Na altura excusou-se a comentar as relações entre a comunicação social e os poderes políticos, dizendo que não era pressionável mas que também não se sentia pressionado pelo Governo.
Alguns jornalistas da RTP, contactados pela TSF, disseram não estranhar a decisão de José Rodrigues dos Santos que, nos últimos dias, terá sido várias vezes desautorizado pela administração.
Administração desdramatiza
Entretanto, a Administração da RTP indicou hoje que o pedido de demissão da Direcção de Informação da televisão pública foi justificado com «uma simples discordância com a nomeação de um correspondente no estrangeiro».
Em comunicado, o Conselho de Administração da RTP afirmou ter sido «surpreendido com o pedido de demissão» do director de informação José Rodrigues dos Santos, seguido em bloco pelo resto da direcção.
Segundo a administração, o pedido de demissão foi «fundamentado numa simples discordância com a nomeação de um correspondente da empresa no estrangeiro».
Oposição reage
A Oposição parlamentar, que tem estado atenta a esta polémica, já reagiu à notícia e diz que quer esclarecer todas as dúvidas.
António Filipe, do PCP, já fez saber que o partido vai requerer a audição de todas as entidades envolvidas no caso.
Por seu turno, o Bloco de Esquerda tenciona pedir a presença de Rodrigues dos Santos no Parlamento se, até lá, nada ficar esclarecido.
Já o PS, na voz do deputado Augusto Santos Silva, diz que o caso deve ser resolvido o quanto antes e não deixar perguntas por responder.
Numa reação à posição assumida pelos partidos da Oposição, o PSD reconhece que o país tem o direito de saber as razões para a demissão em bloco da direcção de informação da RTP.
Neste sentido, Luis Campos Ferreira diz que o partido não vai opôr-se aos pedidos da Oposição para que o Parlamento ouça os protaginistas do caso.