Duas pessoas foram detidas pela polícia espanhola na sequência da venda pela Internet de um fármaco que pode ser usado com fins abortivos. Para além de venderem este medicamento para Espanha, os dois detidos também venderam este fármaco para Portugal.
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Duas pessoas foram detidas, na quarta-feira, em Madrid, devido à venda ilegal, através da Internet, de um fármaco que pode ser usado para fins abortivos e que tem graves efeitos secundários.
Os detidos enviaram doses deste fármaco, denominado Cytotec, para várias cidades espanholas, bem como para a Suíça e para Portugal, fazendo chegar o medicamento às mãos dos compradores em 24 horas.
Por oito pastilhas do fármaco, quantidade que os vendedores diziam ser suficiente para causar o aborto, eram cobrados cem euros, mais 15 pelo envio, preço bem mais alto do que o cobrado numa farmácia (10,40 euros por uma caixa de 40 comprimidos).
Segundo um comunicado policial, os efeitos secundários deste fármaco, que é vendido mediante receita médica, poderiam envolver vómitos, hemorragias, dispepsia, dor abdominal, ansiedade, confusão, depressão e nervosismo, entre outros.
Contactado pela TSF, um consultor do Infarmed indicou que este medicamento também à venda em Portugal pode ser de facto usado com efeitos abortivos, muito embora não seja usualmente indicado com este fim.
Miguel Oliveira da Silva explicou que este fármaco está há muitos anos à venda em Portugal e que é utilizado para resolver problemas gastroduodenais, muito embora se for tomado por uma mulher grávida, no início da sua gravidez, pode causa a interrupção da mesma.
«Tem havido grandes abusos nesse sentido com indicações oficiais ou não oficiais e portanto sabe-se perfeitamente que grande parte do seu consumo hoje em dia não é para problemas gastroduodenais, mas para mulheres grávidas a quem se pretende interromper a gravidez no quadro legal hospitalar ou fora do quadro legal», acrescentou.
Este consultor não ficou surpreendido com o facto de haver pessoas a comprarem este medicamentos pela Internet a preços bem mais altos do que nas farmácias.
«São pessoas que querem comprar quantidades muito altas do medicamento para fins que não estão legalizados e portanto não querem deixar rasto através da receita nas farmácias e por isso compram de uma forma paralegal, ilegal ou clandestina através da Internet», explicou.