O economista e social-democrata António Borges assumiu, esta sexta-feira, estar disponível para renovar o PSD, mas considerou que «infelizmente» não há tempo para discutir um novo candidato do partido às eleições legislativas.
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Em entrevista publicada esta sexta-feira no Diário Económico, o vice-presidente da Goldman Sachs considera que a situação do país é «suficientemente séria» para que ninguém possa dizer que «fica de fora».
«Nenhum de nós se pode alhear e estaria disposto a participar numa equipa que tivesse como missão renovar o PSD, desde que as pessoas fossem da minha confiança», declarou.
O empresário disse ainda que «há a disponibilidade de muita gente para assumir um papel de responsabilidade» e que «isso tem de passar por uma grande renovação do PSD».
«E é isso que acontecerá seguramente no PSD nos próximos meses», estimou.
Questionado se o primeiro-ministro, Santana Lopes, deve ser o candidato do PSD às próximas legislativas, António Borges afirmou que «infelizmente parece que essa questão não se põe».
«Não haverá tempo para discutir o assunto antes das eleições. Em qualquer caso, vamos precisar de fazer uma profundíssima renovação no PSD», acrescentou o antigo vice-governador do Banco de Portugal.
António Borges criticou ainda Santana Lopes por ter «falhado» a função de coordenar o Governo.
«A função do primeiro-ministro é coordenar o Governo, dar-lhe credibilidade, comunicar correctamente uma direcção e uma política económica em particular. E nessa matéria temos as maiores reservas e as maiores razões de queixa, como admitem os ministros que saíram. Isso estava a falhar redondamente», comentou.
O economista manifestou-se ainda contra a aprovação do actual Orçamento de Estado, por considerar que «é muito difícil pedir à Assembleia da República» que o faça «depois de ter sido anunciado que será demitida».
Se o orçamento para 2005 não for aprovado, António Borges não prevê grandes impactos na economia portuguesa: «porque este orçamento não se estava a revelar estabilizador, tranquilizador».
O empresário manifestou ainda esperança de que Cavaco Silva seja o futuro Presidente da República.