A TSF transcreve, na íntegra, a parte do editorial do Avante onde é feita a referência às declarações de vários militantes comunistas depois das eleições autárquicas.
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Editorial (Avante 28/12/2001)
Com a Consciência Tranquila
«Reunindo dois dias após as eleições autárquicas, o Comité Central do PCP procedeu a uma primeira avaliação dos resultados obtidos, sublinhando desde logo o conteúdo negativo desses resultados e a necessidade de proceder a uma análise global e circunstanciada de cada situação. Sem pretender atenuar os aspectos negativos, antes por imperativo de verdade e rigor, o CC chamou a atenção para a importância de, sendo indispensável reconhecer esses aspectos, não embarcar em leituras que, tendendo à generalização do negativo, ignoram ou fingem ignorar dados relevantes de sentido oposto. E o CC pronunciou-se sobre a importância e a premência da intervenção activa e confiante do colectivo partidário nas próximas legislativas.
Sobre esta matéria, têm alguns membros do Partido (beneficiando dos habituais favores da habitual comunicação social) produzido declarações públicas que não só em nada contribuem para a análise serena e lúcida que a situação impõe (bem pelo contrário) como configuram uma autêntica declaração de guerra ao Partido e às suas características. Desferindo uma muito específica e cirúrgica rajada de disparos, procuram capitalizar, em favor de projectos políticos antipartidários, a justa decepção dos militantes comunistas face aos resultados das autárquicas. Assim, à margem e em afrontamento das normas do funcionamento partidário; em desrespeito profundo pelas conclusões do XVI Congresso do Partido; recorrendo a práticas inaceitáveis e condenáveis e dominadas por uma total ausência de ética política e partidária - as atitudes desses membros do Partido traduzem-se, de facto e por isso mesmo, em factores de divisão, em obstáculos às batalhas que temos pela frente e, de forma particular, à batalha das legislativas e à obtenção de um bom resultado eleitoral.
Daí o esforço maior que, naturalmente, assumiremos - com a consciência das dificuldades que tal batalha comporta mas, claramente, rejeitando leituras e pré-conclusões fatalistas e intervindo na campanha com a determinação e a confiança que a situação nos exige. (...)».