O lirismo satírico e erótico de Bocage, sobretudo o da clandestinidade, é o tema central da exposição «Eis Bocage», a inaugurar no dia 17 de Novembro na Biblioteca Nacional. Em simultâneo estará uma exposição de pintura de Ana Rosmaninho inspirada no poeta setubalense.
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Em declarações à agência Lusa, o comissário da mostra, Daniel Pires, disse tratar-se de uma iniciativa integrada num conjunto mais vasto para assinalar o bicentenário da morte de Elmano Sadino (1765/1805), pseudónimo arcádico com que o poeta setubalense ficou conhecido e que lhe valeu seguidores e detractores.
Elaborada a partir de manuscritos e edições que integram o espólio da Biblioteca Nacional, a mostra centra-se na obra do «grande poeta que Bocage foi e na sua figura cívica, que sempre lutou por ideias novas num país periférico onde a liberdade era mínima», disse.
Presença assídua no café Nicola e noutros botequins lisboetas, o lado boémio do poeta, patente na poesia burlesca, erótica e satírica, são também enfoques da mostra, até porque, referiu Daniel Pires, foram estas «que lhe granjearam notoriedade mas ao mesmo tempo o votaram à exclusão e mesmo à fome».
Em simultâneo com «Eis Bocage» - patente até 28 de Janeiro de 2006 - estará a exposição de pintura «Também Cupido de ser vário gosta» de Ana Rosmaninho inspirada no poeta setubalense.
«Bocagomania» é outro dos espaços da exposição, onde o público poderá visualizar variados objectos em torno da figura do poeta que vão de «selos, chávenas o vulgar pacote de açúcar para a bica ou mesmo uma marca de preservativos brasileiros intitulada Bocage», concluiu Daniel Pires.