Os mineiros da SOMINCOR estão dispostos a parar com a greve se a Administração quiser dialogar. A empresa, por seu lado, diz hoje em comunicado, que está aberta ao diálogo, mas para isso a greve terá de parar.
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Os mineiros da SOMINCOR dizem-se dispostos a terminar com a greve, que já dura há 15 dias, se a Administração se mostrar disponível para o diálogo.
Num comunicado publicado hoje nos jornais, a empresa afirma que se mantém pronta para conversar com os mineiros, mas não pode existir a greve nem um pré-aviso de greve.
Assim, pode estar perto o fim do impasse que está instalado nas minas de Neves Corvo.
No comunicado, a Administração diz também que está farta de só ouvir a versão dos mineiros e por isso apresenta a sua própria versão dos factos.
A empresa argumenta que aumentos salariais nunca foram discutidos em Novembro ou Dezembro, mas sempre no princípio do ano. É que, segundo a Administração, a negociação depende da aprovação do plano e orçamento anual, pelo Conselho de Administração.
E afinal, durante o mês de Novembro apenas foram ouvidas as sensibilidades dos trabalhadores através do sindicato, para as ter em conta no orçamento do próximo ano.
Mais trabalhadores para por fim à laboração contínua
O comunicado da Administração da SOMINCOR diz que a decisão de laboração contínua já tem calendário definido. A primeira experiência foi feita em finais do ano passado, e então aí, o jazigo das Neves começou a trabalhar em três turnos. O resultado indica que a empresa só consegue manter o nível de produção de minério, se mantiver mais frentes de produção.
A partir do início do ano que vem, o ritmo de trabalho vai ser aumentado com a contratação de empreiteiros. No próximo mês de Março, a empresa já deve estar em condições de saber se é possível ou não manter o regime de laboração contínuo. A Administração diz que os trabalhadores receberam essa informação, assim como os sindicatos.
E neste comunicado, a Administração mostra-se disponível para dialogar com nos trabalhadores, mas para isso é preciso que a greve termine.
A voz do sindicato
Perante esta disponibilidade, o sindicalista Eduardo Lázaro responde pela positiva.
«Estamos dispostos efectivamente a parar a greve, bastando para isso que a empresa nos dê uma indicação clara das bases de partida para essa negociação», disse.
Em declarações à TSF, o sindicalista Eduardo Lázaro fez ainda questão de esclarecer alguns pontos do comunicado que a empresa fez publicar hoje nos jornais. Eduardo Lázaro fala em especial sobre as datas que estão definidas para os aumentos salariais e também sobre a proposta do fim de laboração contínua.
«A empresa vem dizer que as negociações ocorreram sempre no princípio de cada ano, em Janeiro ou Fevereiro. Isso é verdade, mas há outra verdade. É a questão da negociação em Novembro, e essa foi proposta pela empresa e é esse o compromisso que há», aponta.
« Relativamente à laboração contínua, eu recordo que a Administração já tinha a certeza, quando prometeu aos mineiros em Outubro de 1999, que até ao fim desse ano calendarizava o fim da laboração contínua. Vem agora pôr em causa dizendo que é possível se, e se, e se e novamente se...», acrescentou o sindicalista.
«Há uma série de interrogações e há portanto aqui um não cumprimento duma promessa que foi feita directamente aos trabalhadores por um membro da Administração, em nome dela própria», conclui o sindicalista.