A qualidade dos componentes da maior experiência científica europeia actual, o novo acelerador de partículas do CERN, vai ser garantida por uma empresa portuguesa. O Instituto de Soldadura e Qualidade conseguiu, assim, um contrato no valor de 1,8 milhões de contos.
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A qualidade dos componentes da maior experiência científica europeia actual, o novo acelerador de partículas do CERN (Centro Europeu de Investigação Nuclear), vai ser garantida por uma empresa portuguesa, o Instituto de Soldadura e Qualidade.
Trata-se do maior contrato adjudicado a uma empresa portuguesa desde que o país aderiu a esta organização, em 1986, atingindo o valor de 1,8 milhões de contos.
O anúncio foi feito hoje nas instalações do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), no Tagus Park (Oeiras), durante uma apresentação sobre os resultados da colaboração das empresas portuguesas com o CERN.
O ISQ, em competição com as maiores empresas mundiais do sector, venceu este concurso para a realização de serviços de inspecção do fabrico de cabos supercondutores, ímans, componentes criogénicos e criostatos que constituirão o futuro acelerador de partículas do CERN, o LHC (Large Hadron Collider).
Estes trabalhos vão decorrer em sete países europeus: Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Itália e Reino Unido.
«Este é um exemplo de que Portugal é possível», sublinhou o ministro da Ciência e da Tecnologia Mariano Gago, que presidiu à apresentação.
«Este contrato representa o fim de um ciclo no panorama científico nacional e é uma resposta àqueles que há 15 anos consideravam que a ciência internacionalizada e de alta qualidade não trazia benefícios económicos para o país», acrescentou.
Os serviços abrangidos por este contrato vão envolver mais de três dezenas de técnicos e engenheiros do ISQ, que irão permanecer durante um período de cerca de quatro anos nas empresas europeias subcontratadas para o fabrico de equipamentos e componentes do LHC.
O LHC vai entrar em período de exploração provisória a 01 de Abril de 2006, altura em que arrancam as primeiras colisões, e em Julho do mesmo ano deverá começar um período completo de exploração de sete meses para experiências físicas.
O LHC vai substituir o acelerador de electrões-positrões (LEP), que, após onze anos de funcionamento, foi encerrado em Novembro de 2000 para permitir a construção da nova máquina.
A construção do LHC, com um custo total aproximado da ordem dos 600 milhões de contos, vai permitir estudar a matéria com uma profundidade nunca alcançada até hoje.
O Laboratório Europeu de Física de Partículas abarca um amplo programa de investigações sobre a física de partículas em que trabalham 6.500 cientistas de 80 nacionalidades.
A nível científico, a participação de Portugal no CERN tem sido, segundo Fernando Belo, vice-presidente da Agência de Inovação, apontada «como um exemplo a seguir pelos novos estados membros com a nossa dimensão».
Também o benefício industrial de Portugal (rácio entre a percentagem de compras do CERN no país e a percentagem da contribuição do país para o orçamento do laboratório) é actualmente equilibrado.
Segundo Fernando Belo, além do fornecimento de bens e serviços ao CERN, um processo em que estiveram envolvidas em 2000 13 empresas portuguesas, a participação nacional no maior laboratório mundial de física de partículas garante ao país a possibilidade de formação e treino de engenheiros na instituição e a transferência de tecnologia.