Foi encontrado o quarto corpo das vítimas das cheias da semana passada em Frades. A autarquia revolta-se por não ter sido decretada calamidade pública mas em Tomar confia-se que o Executivo actue como no caso da Venezuela.
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Os bombeiros conseguiram encontrar hoje o corpo da quarta vítima mortal das cheias que resultaram do mau tempo que na semana passada se fez sentir na localidade de Frades, em Arcos de Valdevez.
Francisco Araújo (na foto), presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, deu conta à TSF da sua indignação e revolta, pois não percebe porque é que o Governo não mandou decretar o estado de calamidade pública para Frades.
O secretário de Estado da Administração Interna diz que a lei não contempla casos como o de Frades, mas Francisco Araújo pensa de forma diferente. Para o autarca, não sendo decretada uma situação de calamidade pública, a ajuda pode chegar tarde demais.
Na sua opinião, o caso de Frades reúne todas as condições para que o Governo declare a calamidade pública. «Consideramos, nos termos do decreto lei 447/88 que a situação de Frades configura um caso de calamidade», afirmou à TSF, o que permitiria «dar um desenvolvimento célere ao respectivo processo».
O Governo promete, ainda assim, ajudar as vítimas das cheias sem grandes atrasos, o que nem por isso satisfaz Francisco Araújo, que defende que «temos de trabalhar com factos e com realidades», até porque, explica, «palavras, promessas já eu tenho do ano passado e em nada resultaram».
Autarquia de Tomar quer acreditar na coerência do Governo
No concelho de Tomar, a subida do nível das águas do rio Nabão provocou também elevados prejuízos, mas António Paiva, presidente da Câmara, está convencido que a ajuda do Governo vai chegar e por isso não dá grande importância ao facto de não ter sido declarada a situação de calamidade pública.
«Acredito que o Governo possa encontrar outro tipo de solução», afirmou à TSF. «Não quero pensar que atribuímos, por exemplo, 12 milhões de contos à Venezuela e que entretanto, no país, quando acontecem estas situações», nada seja feito.
Assim, o presidente da autarquia de Tomar deseja que o Governo conceda à população desalojada e despojada dos seus bens por causas das cheias a mesma ajuda que promete enviar para os emigrantes na Venezuela.