Algumas áreas e instituições portuguesas registaram grandes progressos no apoio à investigação científica, defende Nuno Crato. No entanto, há muito a fazer para incentivar o esforço dos cientistas, considera.
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Existem áreas e instituições portuguesas que registaram grandes progressos no apoio à investigação, assim como outras onde há muito a fazer para incentivar devidamente o esforço dos cientistas.
A opinião é de Nuno Crato, doutorado em Matemática/Estatística, que ensinou e desenvolveu investigação nos Estados Unidos durante 12 anos.
«De momento, Portugal quase nada tem a oferecer que não exista, e melhor, noutros países», disse, acrescentando que «não nos podemos iludir pelo facto de haver alguns académicos de origem estrangeira entre nós», afirma.
Nuno Crato é membro fundador do Fórum Internacional de Investigadores Portugueses, que se vai reunir pela 3ª vez, entre sábado e terça-feira, na Universidade do Algarve.
Durante o encontro deste ano, «vai haver apresentações de áreas científicas e a discussão de temas de política de investigação», adiantou Nuno Crato.
«O grande objectivo é dar voz a jovens investigadores portugueses», continuou, esclarecendo que se pretende que os cientistas no país e no estrangeiro se encontrem, se conheçam, saibam o que uns e outros estão a fazer nas suas áreas de investigação.
Tudo porque, para além da falta de reconhecimento que muitas vezes enfrentam os investigadores portugueses, considera o matemático, é necessário um maior contacto entre a comunidade científica nacional e estrangeira.
«Pesquisa científica não é devidamente recompensada»
O investigador considera ainda que a carga horária nas universidades «é habitualmente tão elevada para os docentes que praticam investigação como para os que não a fazem, o que significa que a pesquisa científica não é aí recompensada como devia e que os incentivos a esta actividade são insuficientes».
A «necessidade de um maior intercâmbio, factor fundamental para a internacionalização científica portuguesa, é uma condição de progresso para o país», defende.
«Há investigadores portugueses no estrangeiro que gostariam de voltar e que não o conseguem fazer, pois não encontram em muitas universidades uma política de abertura que acarinhe os melhores», sublinhou o matemático.
De acordo com os estatutos, o Fórum tem como principal objectivo oferecer um espaço de divulgação e aproveitamento do potencial e recursos científicos portugueses dentro e fora de Portugal, estimulando a mobilidade e internacionalização da comunidade científica portuguesa.