No segundo dia do Congresso do PSD, a grande novidade surgiu de Filipe Menezes ao anunciar que não vai recandidatar-se a presidente da Câmara de Gaia. Marques Mendes, uma das vozes duras, arrancou aplausos efusivos ao defender o fim da coligação com o CDS/PP. Uma declaração que «espantou» Morais Sarmento, um apoiante «sem reservas» de Santana Lopes.
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Luís Filipe Menezes anunciou este sábado no Congresso do PSD, a decorrer em Barcelos, que não vai recandidatar-se a presidente da Câmara de Gaia, cargo que ocupa desde 1997.
«Só questões de Estado ou partidárias inultrapassáveis me fariam mudar de opinião», acrescentou o autarca.
Menezes disse que participará na escolha do candidato do PSD a Gaia, enquanto presidente da concelhia do partido, em colaboração com o líder da distrital do Porto, Marco António Costa.
No seu discurso, Filipe Menezes aproveitou ainda para acusar o jornalista José António Lima, do Expresso, de personalizar os «intelectuais pseudo-pensantes que nunca gostaram de Santana Lopes e que tentam criar um clima de desgraça em torno do actual governo».
Marques Mendes defende fim da coligação com CDS/PP
O ex-ministro Marques Mendes, uma das vozes duras que se fez ouvir esta tarde, arrancou um aplauso generalizado dos delegados ao congresso ao defender que o partido deve apresentar-se sozinho às próximas legislativas.
«É absolutamente essencial que, terminada a legislatura, o PSD concorra sozinho, em listas separadas, às eleições legislativas», frisou.
O ex-ministro de Durão e Cavaco contestou as notícias equívocas sobre a coligação com o CDS/PP, recordando que tantas vezes apontam para a ruptura como para a continuidade.
Sob um silêncio total e uma sala repleta, Marques Mendes defendeu que o partido deve apostar claramente na conquista do eleitorado do centro e evitar acantonar-se à direita.
«O PSD deve apresentar-se aos portugueses com a sua própria identidade, com o seu rosto bem vincado, com a sua matriz social-democrata», disse.
Sarmento manifesta apoio «sem reservas» a Santana
Por seu lado, Nuno Morais Sarmento disse que continuará a apoiar Pedro Santana Lopes «sem reservas», considerando que o insucesso do Governo significaria «a derrota colectiva do partido».
«Estou aqui para apoiar e colaborar sem reservas na continuação do projecto iniciado em 2002», disse Morais Sarmento, que aproveitou para rebater as críticas de Marques Mendes à liderança.
Sublinhando que «em tempo de combate só fazem falta os que estão», Morais Sarmento criticou a atitude daqueles que agora «tentam fugir» e se transformaram em «pretensos avaliadores» e de quem decidiu «marcar posição pela ausência».
Dirigindo-se a Marques Mendes, que defendeu que o PSD não se deve coligar com o CDS-PP nas próximas eleições legislativas, o vice-presidente do PSD confessou ter ouvido «com espanto» as suas palavras.