A marca de sucesso para o futuro da Agência Espacial Europeia passa pela sua integração nas políticas prioritárias da UE, para romper com a supremacia norte-americana nesta área. Esta foi uma das conclusões, apresentadas hoje em Paris, por responsáveis do sector.
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O futuro da Agência Espacial Europeia (ESA) passa pela sua integração nas políticas prioritárias da União Europeia (UE), o que lhe vai permitir romper com a supremacia norte-americana nesta área.
A opinião foi expressa hoje em Paris pelo antigo primeiro-ministro sueco e enviado especial da ONU aos Balcãs, Carl Bildt, o presidente do banco francês Crédit Lyonnais, Jean Peyrelevade, e o presidente da companhia alemã Jenoptik, Lothar Spath, durante a apresentação das suas conclusões sobre o futuro da ESA.
Desde Março que os três homens estudam a ESA a pedido do seu director geral, António Rodota (na foto), com o objectivo de elaborar uma opinião independente sobre a evolução da organização, englobando uma perspectiva política, económica e industrial.
Rodota afirmou que os 14 Estados-membros da ESA (incluindo Portugal) acordaram numa «estratégia integral», estando «de acordo que o sector espacial deve estar incluído» nas políticas comunitárias.
«Estamos completamente convencidos que é importante integrar as actividades e os esforços espaciais nas políticas europeias. O trabalho da ESA é impressionante e o espaço deve ser integrado no resto das suas actividades», acrescentou Bildt.
Politicas dinâmicas
Neste sentido, e por proposta do antigo primeiro-ministro sueco, «devem ser dinamizadas políticas de uma forma mais clara, ao mais alto nível», com reuniões do Conselho da UE e do Conselho da ESA.
Bildt insistiu, ainda, na importância do sector espacial para que os Quinze possam alcançar objectivos como o alargamento da comunidade, o dinamismo económico, a segurança ambiental ou a Política Exterior e de Segurança Comum (PESC).
Por outro lado, o antigo primeiro-ministro sueco sublinhou «a necessidade de ser mais forte em diversas áreas», pedindo às instituições «que se aproximem e trabalhem juntas para eliminar barreiras artificiais que pertencem ao passado, de forma a apoiar todas as actividades da UE».
A ESA deve igualmente «aproximar-se do sector dos negócios, sem perder os vínculos com a comunidade científica e de investigação, da comunidade aerospacial, da área das telecomunicações, logística, e outras actividades económicas que não viam o espaço como um elemento natural no passado», acrescentou.
Infra-estruturas
Estas conclusões, que foram apresentadas quarta-feira em Bruxelas ao presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, a outros comissários e ao representante da Política Exterior da UE, Javier Solana, contemplam também a possibilidade de colaboração em alguns programas com países não membros da ESA nem da União Europeia.
O presidente da companhia alemã Jenoptik explicou que «o futuro está nas políticas de infra-estruturas», uma vez que a «Europa pode aceitar depender dos Estados Unidos ou instaurar uma estrutura própria como Galileu e competir».
No que diz respeito ao programa de desenvolvimento de um Sistema de Navegação por Satélite, os peritos sublinharam a necessidade de adoptar «decisões políticas de forma urgente» e a tempo de ser desenvolvida uma norma concorrente do sistema GPS norte-americano.