O Estado vai alterar o modelo de financiamento às misericórdias, passando a pagar mais às instituições que acolhem doentes mais carenciados. Uma medida que está a gerar alguma desconfiança por parte destas instituições.
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O secretário de Estado da Segurança Social anunciou, esta quarta-feira, em Faro, que vai ser revisto o modelo de financiamento a misericórdias para cuidados continuados. O objectivo é pagar mais às instituições com utentes mais carenciados.
Na rede de cuidados continuados que está a ser criada em todo o país, as contas das misericórdias não coincidem com as da Segurança Social.
Pedro Marques explicou que um «idoso dependente pagará 80 por cento daquilo que é o seu rendimento próprio». Assim, uma pessoa com uma pensão de 200 euros só vai comparticipar com pouco mais de 100 euros, enquanto um idoso «que tenha 1500 euros de pensão já pode comparticipar com quase a totalidade».
«Nós garantimos que pagaremos sempre a diferença, portanto pagamos mais quando se está a apoiar um idoso com uma pensão mais baixa», disse Pedro Marques, em declarações à TSF.
Para o Director do Hospital da Misericórdia de Portimão, instituição que assinou um destes protocolos esta quarta-feira, o Estado vai começar a pagar menos.
O custo diário de um doente num hospital da Misericórdia tem sido de «150 euros por dia por doente». Até aqui, o Estado atribuía 75 euros por pessoa, «mais 25 euros para medicação e consumíveis», disse João Amado.
«A partir daqui, nos cuidados de média e longa duração, as famílias vão passar a pagar entre cinco a dez euros diários, num cálculo que vai ter de ser feito pelas unidades, tendo por base aquilo que são os rendimentos do doente», acrescentou.
Nos próximos três anos, o governo promete abrir quatro mil vagas para pessoas que necessitem de cuidados especiais. Cada um destes utentes tem um custo mensal médio de 800 euros, mas o preço que terá de pagar será proporcional ao seu rendimento.