Estudantes, professores, músicos da Orquestra Metropolitana de Lisboa e da Academia Superior de Orquestra regressaram aos protestos, acusando os promotores regionais de bloquearem o funcionamento da Associação Música, Educação e Cultura.
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Os protestos começaram terça-feira de manhã, «com a sede da instituição coberta de panos negros e uma bandeira negra hasteada demonstrando a tristeza que se vive novamente», disse à Agência Lusa António Jorge Nogueira, da associação de estudantes da Academia Nacional Superior de Orquestra (ANSO), uma das instituições tuteladas pela Associação Música, Educação e Cultura (AMEC).
Com as estantes das partituras, os estudantes criaram um cemitério em frente à sede, que simboliza a morte da instituição e das pessoas, e colocaram um espantalho, que representa o maestro.
Durante a tarde, a Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) e a Orquestra Académica Metropolitana promoveram um concerto, à porta da sede, em que tocaram «o segundo andamento da sétima sinfonia de Beethoven, que é uma música muito triste».
O protesto dos músicos da OML, estudantes da ANSO e professores e funcionários da AMEC surge na sequência da alegada recusa, segunda-feira, pelos promotores regionais, de um dos elementos da direcção proposta no início do Verão pelo Conselho Superior de Promotores.
De acordo com o representante dos estudantes, «os promotores regionais vieram pôr em causa a direcção proposta, constituída pela pianista Gabriela Canavilhas, o maestro Jean Marc Burffin e o economista Luís Azevedo Coutinho».
«Situação é ultrapassável», diz Câmara de Lisboa
A recusa dos promotores regionais (autarquias) foi desmentida por uma fonte da Câmara de Lisboa, que esteve presente na reunião de segunda-feira, garantindo que «alguns promotores levantaram dúvidas sobre os perfis das pessoas, mas essa é uma situação ultrapassável».
Para a mesma fonte, «é abusivo transformar dúvidas em recusas e vetos», garantindo que «nada está posto em causa», até porque ficou agendada a Assembleia Geral dos promotores da AMEC para o dia 4 de Novembro, em que será eleita a nova direcção e destituído Miguel Graça Moura.
Os membros da AMEC acreditam que «quem está a mexer os cordelinhos» da polémica é o maestro Graça Moura, afirmou Mesquita de Oliveira, representante dos professores e funcionários, apesar de salientar que «isto é pura especulação e não há provas».
O impasse traduz-se também no atraso dos ordenados de cerca de 160 funcionários, mas fonte da Câmara de Lisboa, que financia a AMEC em 36 por cento do orçamento total, assegurou que a autarquia «vai regularizar o pagamento dos salários, quando tiver a garantia por parte dos promotores regionais de que aceitam a direcção proposta pelos promotores nacionais».