A Agência Espacial Europeia (ESA) está a financiar uma investigação para descobrir um sistema de hibernação que permita ao homem fazer grandes viagens interplanetárias a dormir e sem perigos para a saúde, refere a imprensa britânica.
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A ESA espera concretizar esse objectivo a tempo da missão tripulada a Marte prevista para 2033.
O cientista Marc Ayre, da Equipa de Conceitos Avançados da agência europeia, está a trabalhar na criação de uma espécie de «cubículos de sono».
Marte converteu-se no grande desafio actual da indústria aeroespacial. Mas a travessia até ao Planeta Vermelho não é fácil. A viagem com a actual tecnologias disponível poderá demorar entre seis e nove meses.
O êxito da conquista de Marte poderia abrir a porta à exploração de planetas mais distantes do sistema solar, como Saturno, que é composto de gás mas seria possível aterrar numa das suas luas.
Cientistas da NASA consideram pouco realista que um homem possa resistir vários anos confinado numa nave espacial, mas entendem que a hibernação poderia mitigar esse problema.
Além disso, peritos da ESA estimam que seriam necessárias 30 toneladas de comida para alimentar seis astronautas durante uma viagem espacial de vários anos, o que aumentaria consideravelmente o peso da nave.
Na opinião da agência espacial, esse obstáculo seria resolvido com uma tripulação adormecida, porque consumiria menos alimentos, geraria menos lixo e a aeronave seria mais leve e precisaria de menos combustível.
A chave da questão seria encontrar maneira dos tripulantes poderem voar em estado de hibernação, pelo que a equipa de Marc Ayre centra as suas investigações numa substância sintética narcótica chamada «Dadle».
Dado que esse composto, injectado num esquilo, faz com que este animal possa hibernar durante o verão, os cientistas da ESA estão a fazer experiências com ratinhos para averiguar se tem um efeito parecido em animais que não hibernam.
Por agora, os peritos descobriram que ao ser aplicado «Dadle» a culturas de células humanas, estas dividem-se com maior lentidão.
Mas alguns cientistas, como Neil Stanley, director de investigação do sono na Universidade de Surrey (sul de Inglaterra), julgam que a hibernação seria prejudicial à mente humana.
«Se estivéssemos seis meses a dormir, os sonhos constituiriam as nossas recordações. Nesse caso, despertar seria uma grande comoção para o sistema», explicou, acrescentando que essa sensação seria idêntica a «perder seis meses de vida».