Um antigo aluno de 18 anos feriu, esta segunda-feira, 27 pessoas, antes de se suicidar, numa escola secundária de Emsdetten, noroeste da Alemanha, próximo da fronteira com a Holanda.
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O zelador da escola, uma das primeiras pessoas que tentou travar o assaltante, foi atingido a tiro na barriga e internado num hospital de Muenster, em estado grave.
Uma professora foi atingida no rosto pelo tiro de uma pistola de gás e quatro alunos entre os 12 e os 16 anos foram feridos a tiro, mas sem gravidade, de acordo com um porta-voz da polícia.
Bombas de fumo lançadas pelo assaltante provocaram ainda intoxicações em 16 polícias, disse a mesma fonte.
Um comando especial da polícia que se preparava para intervir no interior da escola, onde o aluno suicida se tinha barricado, não chegou a disparar.
Junto ao cadáver estavam duas espingardas de canos serrados, e o suicida tinha também uma faca presa à perna e explosivos amarrados ao corpo, que tiveram de ser desactivados por especialistas.
A polícia desactivou ainda quatro bombas que o ex-aluno tinha distribuído pela escola, disse um porta-voz das forças de segurança em Emsdetten.
O jovem anunciou o seu tresloucado acto em duas páginas na Internet, em que deixou uma carta de despedida, disse a jornalistas o promotor público de Muenster, Wolfgang Schweer.
«Grande parte da minha vingança dirigir-se-á contra os professores, as pessoa que se imiscuíram na minha vida e ajudaram a pôr-me onde estou, no matadouro», afirma o jovem na carta, que a polícia já considerou autêntica.
«Eu odeio-vos a todos e à vossa espécie, desde os seis anos de idade que gozam comigo, mas agora vão ter de pagar por isso», acrescenta a carta do ex-aluno, que segundo vários testemunhos ultimamente andava sempre vestido de negro, só ouvia Death Metal e se intitulava satanista.
A carta de despedida está ilustrada com várias imagens, numa das quais o jovem aparece com uma pistola-metralhadora.
Alunos que estiveram com ele na mesma turma declararam também a jornalistas que ele se dedicava a jogos de computadores violentos do
tipo «Counter Strike».
O jovem teve uma carreira escolar atribulada, era muito introvertido, ameaçava frequentemente os outros alunos, e chumbou três vezes, ainda segundo os seus antigos professores.
Contra o suicida corria no tribunal juvenil de Rheine um processo por pose ilegal de arma de fogo, no qual ele teria de responder na terça-feira.
Segundo várias testemunhas, o ex-aluno entrou na escola com o rosto tapado e vestindo um longo sobretudo negro com forro vermelho.
Ainda no pátio de recreio, disparou sobre um estudante, atingindo-o de raspão.
Em seguida, disparou com uma pistola de gás contra o rosto de uma professora que tentou acalmá-lo e atingiu com um tiro na barriga o zelador da escola, que tentara auxiliar a docente.
Já dentro do estabelecimento de ensino, continuou a disparar contra outros estudantes e fez também explodir várias bombas de fumo.
Um comando especial da polícia tentou acalmar o assaltante e conseguiu depois entrar na escola.
A grande maioria dos 650 alunos e professores tinha entretanto saído do estabelecimento, refugiando-se num edifício ou num terreno das proximidades.
Este incidente trouxe à memória dos alemães o massacre ocorrido a 26 de Abril de 2002, numa escola de Erfurt, na Turíngia, em que um aluno que tinha chumbado nos exames finais de liceu matou a tiro 16 pessoas - 12 professores, dois estudantes, uma secretária e um polícia -, suicidando-se também em seguida.