Um ex-prisioneiro que este no Tarrafal lembrou que os responsáveis deste campo nunca foram julgados e condenados. Setenta anos após a chegada dos primeiros prisioneiros a este campo, José Barata Júnior defendeu que este deveria ser considerado um «crime contra a humanidade».
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Um ex-prisioneiro do campo de concentração do Tarrafal, que recebeu o seu primeiro grupo de presos há 70 anos, defendeu que os responsáveis desta estrutura deveriam ser julgados e condenados.
«O Tarrafal é um crime que nunca foi julgado nem condenado, os seus autores não foram julgados por isso. É um crime contra a humanidade e é um crime que tem características fascistas, embora hoje se pretenda branquear o fascismo, dizendo que nunca existiu», defendeu José Barata Júnior, actualmente com 90 anos.
Este que é um dos cinco prisioneiros deste campo de concentração que funcionou na então colónia de Cabo Verde que ainda está vivo lembrou ainda que não se lembra de ter sido jovem, dado que esteve na prisão durante 14 anos, entre os 20 e os 34 anos.
«Durante esse tempo todo, que é o período da nossa vida em que podemos gozar e desfrutar de uma vivência mais ou menos boa, eu não vivi», recordou Barata Júnior.
Por seu lado outro dos sobreviventes do Tarrafal, Joaquim de Sousa Teixeira, preferiu lembrar a «camaradagem que houve no grupo» durante o tempo em que esteve no chamado "campo da morte lenta" aberto em 1936.
Os dois ex-tarrafalistas assinalaram este domingo junto com a União de Resistentes Anti-Fascistas Portugueses os 70 anos sobre a chegada dos primeiros prisioneiros ao Tarrafal junto ao mausoléu das vítimas no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
Estes homenagearam os 32 homens que perderam a vida no campo de concentração do Tarrafal que durante o tempo em que esteve aberto recebeu 340 prisioneiros.
Dos restantes sobreviventes, Josué Martins Romão e Sérgio Vilarigues não estiveram presentes devido a motivos de saúde, ao passo que Edmundo Pedro recusou o convite para estar presente nesta comemoração por considerar que esta comemoração se trata de um «acto partidário» e «sectário».