O Dia Nacional da Cultura Científica foi comemorado com a inauguração de uma exposição portuguesa dedicada à Matemática. De uma forma original a exposição mostra a vertente menos abstracta da matemática.
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O Dia Nacional da Cultura Científica foi comemorado sexta-feira, no Pavilhão do Conhecimento, com a inauguração de uma exposição dedicada à Matemática que é também a primeira mostra totalmente portuguesa deste espaço.
O objectivo deste Pavilhão é expor o que de melhor se faz ao nível da museologia científica interactiva no mundo e a exposição «"Matemática Viva" possui qualidade internacional», sublinhou o ministro da Ciência e da Tecnologia, José Mariano Gago.
O projecto foi concebido pela Atractor-Matemática Interactiva. Uma associação de matemáticos portugueses sem fins lucrativos, criada em Abril de 1999.
Com mais de 60 módulos interactivos, o objectivo da «Matemática Viva» é mostrar ao visitante que a matemática se esconde por detrás dos gestos mais banais do quotidiano, como por exemplo, dar um nó de gravata.
De acordo com o comissário da exposição, Manuel Arala Chaves, professor do Departamento de Matemática Pura da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a exposição pretende dar uma ideia das possíveis aplicações da matemática, dando destaque ao impacto visual e estético.
A informação contida nos módulos da exposição é dirigida tanto a crianças como a professores universitários. «Desenvolvemos um programa informático, ainda não totalmente acabado, com diferentes níveis de informação para cada tipo de visitante», explicou Arala Chaves.
A exposição mostra, entre outras coisa, como funciona a teoria matemática dos autómatos finitos através de uma simples pista de comboios e, como nem sempre a distância mais curta entre dois pontos é uma recta, através de um mapa de uma cidade imaginada.
Uma exposição lúdica e interactiva
Um simulador de fogos florestais na serra da Lousã - que faz parte de um programa informático em fase de testes no centro de coordenação de Poiares - permite aos visitantes observar a forma como um fogo se propaga, tendo em conta a topografia do local e as condições do vento.
No início da visita, as pessoas são convidadas a construir, com o auxílio de um programa informático, um atractor - objecto matemático que pela sua beleza e utilidade foi escolhido como símbolo da Atractor, a associação que concebeu a exposição.
A evolução deste tractor poderá ser, em breve, acompanhado
na Internet através da pagina da Atractor.
A ilusão de óptica é outro fenómeno em destaque. No módulo
«Quarto de Ames», devido à inclinação, ao desenho do chão e à forma como foram construídas as janelas, quem espreite por um pequeno orifício lateral pensa ver uma superfície plana, na verdade inclinada e confunde também a dimensão das pessoas.
Três mesas de bilhar (em elipse, em hipérbole e em parábola) vão certamente despertar a atenção de muitos, sobretudo porque existem garantias de, se as regras forem cumpridas, nunca falhar uma tacada.
Saber que os caleidoscópios resultam de um jogo de sobreposição de espelhos ou que se pode determinar qual é a menor superfície de uma figura geométrica através de bolas de sabão são outras experiências a que o visitante pode assistir nesta exposição.
Para mostrar que a matemática está presente em muitas dimensões da vida, os responsáveis do Pavilhão prepararam uma animação musical a partir de um jogo concebido por Mozart.
Assim, na inauguração oficial da exposição, o Maestro António Vitorino de Almeida executou ao vivo uma peça única que foi gerada aleatoriamente a partir de uma combinação de 176 compassos diferentes, que poderá demorar 1.500 milhões de anos a repetir-se.
A «Matemática Viva», em preparação desde Março, vai ser aberta ao público no sábado e vai permanecer no Pavilhão do Conhecimento (Parque das Nações, Lisboa) até Junho.
Posteriormente, os módulos da exposição deverão passar para o futuro Centro Ciência Viva de Ovar, totalmente dedicado à matemática.