A Câmara Municipal de Alcochete tem patente este mês uma exposição de fotografias, modelos das barcas e objectos utilizados pelos «Marítimos», gentes do mar que se dedicaram a uma actividade quase extinta no concelho.
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A exposição «Os Marítimos - Vivências de um Povo» é, segundo o presidente da câmara, José Dias Inocêncio, «reveladora da identidade de Alcochete e das suas gentes».
Exibindo modelos do bote, falua, fragata, varino e do vapor «Alcochete», embarcações vulgarmente chamadas «barcas», de pesca e transporte de pessoas, mercadorias e sal, a exposição evoca o passado da vila e do povo, durante séculos virado para o rio Tejo.
A mostra revela ainda utensílios como o balão de defensa, para amortecer os choques das barcas durante a acostagem e o vertedouro, pá de madeira para retirar a água do fundo das embarcações.
«Ensinados por uma tradição enraizada nos seus descendentes, os Marítimos passaram uma vida inteira ao leme, num vaivém constante entre as margens do rio», explica um pequeno livro editado pela autarquia, a propósito desta exposição.
Pescadores, murraceiros (que recolhiam a murraça para alimentar o gado), carpinteiros e calafates «tinham uma vida dura, regrada pelas fortes nortadas, pelas horas de acalmia e pelo ciclo de marés».
Hoje, a actividade dos Marítimos é praticamente nula, restando apenas as memórias das embarcações no Tejo, dos estaleiros junto à praia e a devoção à Nossa Senhora da Atalaia, celebrada nas festas em sua honra.
Apenas a fragata «Alcatejo» permanece activa em Alcochete, proporcionando passeios à Reserva Natural do Estuário do Tejo, que incluem o tradicional almoço, a caldeirada à fragateiro.