Retrospectivas de dois argumentistas, Alan Moore e Jacques Martin, são os destaques da 13ª edição do Festival Internacional de BD da Amadora. O certame abre as portas esta sexta-feira.
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A mostra sobre Alan Moore, considerado um dos mais conceituados argumentistas de banda desenhada (BD) das últimas duas décadas, intitula-se «Argumentos» e teve início a 20 de Setembro no Centro Nacional de BD e Imagem, também na Amadora, onde estará patente até Dezembro.
Engloba cerca de 150 pranchas e desenhos originais de quase 30 títulos ou séries distintas, guiões, esboços, livros e revistas.
Representadas com material original vão estar histórias de Moore como «Miracleman», «V for Vendetta», «Green Lantern Corps», «The Killing Joke», «A Small Killing», «Lost Girls», «From Hell», «Judgment Day» e «Mirror of Love», entre outras.
Depois da presença de David Lloyd (que fez desenhos para «V for Vendetta») e Kevin O'Neill («The League of Extraordinary Gentlemen») na abertura de »Argumentos», é agora chegada a vez de se deslocarem ao festival Rick Veitch, Melinda Gebbie, Jose Villarubia, John Totleben e Oscar Zarate, também eles colaboradores de Alan Moore.
Além de Moore, a organização vai também trazer a Portugal desenhadores e argumentistas do Brasil, Espanha, EUA, França e Inglaterra, sendo de destacar a presença de Jacques Martin, o criador de «Alix», que vem acompanhado do seu colaborador Rafael Morales e que será objecto de uma mostra retrospectiva da sua obra.
Ainda esperados são Rosinski, pai da personagem «Thorgal», e os norte-americanos Daniel Clowes, Charles Burns e Chris Ware, da produtora independente «Fantagraphics».
Entre as exposições previstas, de assinalar ainda a que aborda o tema eleito para esta edição, «Odisseia», comissariada por Pedro Mota e em que se sugere uma reflexão sobre a BD portuguesa na viragem do século.
No Festival serão entregues, no dia 26, no Auditório dos Recreios, os troféus «Zé Pacóvio e Grilinho», criados em homenagem ao autor das duas personagens evocadas, António Cardoso Lopes Júnior, nascido na Amadora em Junho de 1909.
Este ano, José Carlos Fernandes e «O Quiosque da Utopia» ganharam na categoria de «Melhor Álbum Português», Paulo Patrício e Rui Lacas com a obra «Canção do Bandido» venceram na vertente «Melhor Argumento para Álbum Português» e Dinis Conefrey, com o livro «Arquipélagos», triunfou na rubrica «Melhor Desenho para Álbum Português».
Com vista a promover a BD nacional e divulgar o que se faz no estrangeiro, o certame contará também com sessões de autógrafos, lançamentos de livros, debates, exibição de vídeos de animação, espaço lúdico infantil, Biblioteca Móvel e uma Feira do Livro.
A propósito da 13ª edição do certame, que decorre até 3 de Novembro, Joaquim Raposo, presidente da Câmara Municipal da Amadora, afirmou à Lusa que esta é uma iniciativa de «grande projecção» e que o poder central a devia «olhar de outra forma».
Sublinhando o esforço financeiro envolvido - cerca de 170 mil euros (34 mil contos), dos quais apenas 20 mil euros (quatro mil contos) provêm dos mecenas -, o autarca lamenta que o evento já não seja apoiado pelo Ministério da Cultura, como outrora sucedeu, apesar da sua dimensão e dos 30 mil visitantes esperados.
O Festival Internacional de BD da Amadora vai ter como palco principal a Escola Intercultural, mas distribui-se por outros espaços: Centro Nacional de BD e Imagem (mostra de Alan Moore), Galeria Municipal Artur Bual (exposição de homenagem), Recreios da Amadora (núcleo do Cartoon), Casa Roque Gameiro (núcleo da Ilustração), Centro de Arte Contemporânea da Amadora e Auditório de Alfornelos.