Jean-Christophe Mitterrand, filho do antigo presidente francês, foi preso no âmbito de uma investigação sobre alegado tráfico de armas e lavagem de dinheiro entre França e África. Alvo da mesma medida foi o escritor Paul-Loup Sulitzer.
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Jean-Christophe Mitterrand, filho do antigo presidente francês François Mitterrand, foi colocado sob alçada da polícia, em Paris, no âmbito de uma investigação sobre alegado tráfico de armas e lavagem de dinheiro entre França e África.
Fonte ligada ao inquérito indicou hoje que, além do filho do ex-chefe de Estado, foi alvo da mesma medida, na quinta-feira passada, no âmbito da investigação, o escritor Paul-Loup Sulitzer, autor de vários «best-sellers».
A investigação foi desencadeada pela descoberta de cassetes informáticas da empresa Brenco International, suspeita de tráfico ilegal de armas com Angola, em que há indícios de relações de negócios entre a companhia e várias personalidades, nomeadamente Mitterrand e Sulitzer, que teriam recebido altas quantias de dinheiro.
No dia 1, foi efectuada uma busca à casa de Jean-Christophe Mitterrand, que ocupou o cargo de chefe do departamento África do Eliseu (presidência francesa), entre 1986 e 1992, altura em que o pai era chefe de Estado.
No mesmo dia, Pierre Falcone, director da Brenco, empresa de venda de material militar, foi inculpado e detido preventivamente por alegado comércio ilícito de armas, fraude fiscal, abuso de bens públicos e de confiança e tráfico de influências.
No âmbito do inquérito foi também já interrogado Jacques Attali, ex-assessor do falecido presidente Mitterrand, e revistados os gabinetes do ex-ministro do Interior Charles Pasqua, líder do partido União pela França (RPF), e a casa de Jean-Charles Marchiani, eurodeputado desta formação partidária.
Na edição de sexta-feira passada, o diário francês «Le Monde» referiu que em causa está o tráfico de armamento relativo a um contrato (de 1993) de 47 milhões de dólares (cerca de 10,5 milhões de contos) de armas russas entre a Brenco e Angola e um outro, de 463 milhões de dólares, para o fornecimento de helicópteros e caças Mig, concluído em Fevereiro de 1994.
Segundo fonte próxima do processo citada pelo jornal, Mitterrand terá recebido várias centenas de milhar de francos de Pierre Falcone.
Jean-Noël Tassez, antigo presidente da Sofirad, um organismo que detém as participações do Estado em cerca de 30 empresas audiovisuais em França e no estrangeiro, foi também inculpado em meados do mês no âmbito da mesma investigação.
Um mandado internacional de prisão foi também passado contra Arcadi Gaydamak, apresentado como um industrial milionário nascido na Rússia, mas com quatro nacionalidades - israelita, francesa, angolana e canadiana.
Gaydamak teria sido parceiro de Falcone em diversos negócios em Angola.