Pode vir a estar resolvida a crónica falta de sangue nos hospitais. Pela primeira vez, um grupo de cientistas norte americanos conseguiu controlar o desenvolvimento de células indiferenciadas embrionárias de seres humanos para criar células sanguíneas.
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Num estudo hoje publicado na revista científica PNAS, «The Proceedings of the National Academy of Sciences», é revelada a forma como se faz sangue a partir de células indiferenciadas embrionárias de seres humanos.
Este é ainda um primeiro passo, mas vai na direcção de um sonho antigo da medicina. Desde sempre que o homem quis fazer sangue em laboratório para compensar a falta de sangue que existe sempre nos hospitais, ou até mesmo servir para elaborar novos tratamentos para doenças hoje incuráveis.
Até hoje, só tinha sido desenvolvido sangue, deste modo, a partir de ratinhos, mas as células comportam-se de forma diferente das humanas. Também já se tinham obtido células sanguíneas a partir de células indiferenciadas neuronais, mas, neste caso o objectivo da experiência era apenas explorar o potencial das células neuronais.
A receita
No caso agora divulgado tratam-se de células indiferenciadas embrionárias de seres humano. E a equipa de investigadores da Universidade do Wisconsin conseguiu cultivar em laboratório células indiferenciadas humanas de forma a que estas se transformassem em células precursoras hematopoiéticas, o mesmo é dizer, células capazes de darem origem a colónias dos vários tipos de células sanguíneas.
Uma vez obtidas as células hematopoiéticas, os investigadores juntaram à cultura alguns factores de crescimento e conseguiram colónias de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas sanguíneas. Estas colónias eram idênticas às produzidas na medula óssea dos seres humanos, porque apresentam os mesmos marcadores bioquímicos.
Segundo o principal autor do estudo, Dan Kaufman, «Os resultados mostram que esta é uma forma eficaz de obter células sanguíneas».
No comunicado da Universidade de Wisconsin pode ler-se que «apenas 25 por cento dos pacientes que precisam de transfusões de sangue ou de transplantes medula óssea para tratar doenças cancerosas conseguem ter acesso a esse tratamento».
Assim, com uma carência de 75 por cento de dadores compatíveis, «há sempre falta de sangue. Talvez um dia seja possível aumentar as reservas», conclui Dan Kaufman.