Um grupo de cientistas analisou grãos de magnetite de um meteorito marciano e demonstrou que são semelhantes aos produzidos por bactérias da Terra, o que vem reacender o debate sobre a existência de vida no «planeta vermelho».
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A descoberta de pequenos grãos com propriedades magnéticas num meteorito de Marte semelhantes a estruturas produzidas por algumas estirpes de bactérias da Terra está a relançar o debate sobre a possibilidade de esta rocha provar que pode ter havido vida no «planeta vermelho».
O estudo, publicado na revista «Geochimica Cosmochimica Acta», foi desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos por cientistas da Lockheed Martin Corporation e constitui a contribuição mais importante para este debate desde que, em 1996, a mesma equipa de investigadores avançou com a hipótese de o meteorito em causa - ALH b84001 - conter vestígios de vida em Marte.
Kathie Thomas-Keprta, autora principal do estudo, afirmou à BBC Online que a nova análise deveria, desta vez, levar os críticos do anúncio de 1996 a «olhar» para a possibilidade com outros olhos.
Nessa altura, os cientistas avançaram com a hipótese de os vestígios em causa dizerem respeito a fósseis com base em quatro linhas de raciocínio.
As estruturas encontradas tinham a estrutura de certas formas de vida encontradas em rochas, a sua composição química apresentava duas características próprias dos seres vivos e os pequenos cristais encontrados eram semelhantes aos produzidos por algumas bactérias da Terra
No artigo que agora é publicado, a equipa liderada por Thomas-Keprta explica o estudo em que analisou perto de 600 cristais de magnetite do ALH 84001, dissolvendo secções da rocha em ácido acético.
Os cristais de magnetite foram então observados num microscópio electrónico. «São tão pequenos que poderíamos colocar mil milhões numa cabeça de alfinete», explicou a investigadora.
Dos 594 cristais observados, 164, com a forma de prismas alongados, foram escolhidos para investigação mais aprofundada.
Ao longo do um ano, a equipa analisou a estrutura dos cristais, comparandoa-a, no ano seguinte, com a de cristais de magnetite porduzidos pela bactéria terrestre desginada por MV-1 e verificou-se que eram semelhantes.
Apesar de afirmarem que não pretendem, com este estudo, reclamar ter provas definitivas da existência de vida em Marte, os cientistas defendem que os resultados a que chegaram são sólidos.
Assim, as descobertas, espera a equipa, talvez os críticos de 1996 repensem a validade das dúvidas que então levantaram.
As bactérias que produzem magnetite existem na Terra em quase todas as regiões.