O ex-primeiro-ministro francês Laurent Fabius, um dos grandes vencedores do triunfo do «não» no referendo sobre a Constituição Europeia, exortou esta segunda-feira o presidente Jacques Chirac a renegociar o Tratado para fazê-lo «muito mais social e humano».
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«O mandato que é o do chefe de Estado, intérprete da vontade popular, é de renegociar» um novo Tratado constitucional, defendeu o «número dois» socialista à televisão privada TF1.
A vitória do «não» expressou uma «poderosa vontade popular de mudança» e traduz «uma recusa da forma como a Europa funciona» e «uma esperança, porque nesta votação há a esperança de que, pela democracia, se vá por uma Europa poderosa e solidária», disse.
Nas suas primeiras declarações depois da consulta, Fabius viu no «não», que ganhou em França com quase 55 por cento dos votos, «uma rejeição» e uma «esperança».
Trata-se de uma rejeição «ao funcionamento da Europa, não à Europa», e de uma esperança de alcançar «pela via democrática uma Europa pujante e solidária», acrescentou Fabius, que defendeu o «não» contra a posição oficial da direcção do Partido socialista (PS).
Questionado por que razão os países que tenham aprovado o Tratado teriam de renegociar, Fabius respondeu: «Não podemos ser arrogantes, mas há que respeitar a vontade popular dos que disserem "não".»
Ironizando sobre o «remendo» que será segundo ele a nomeação de um novo governo, Fabius declarou: «O chefe de Estado tem um problema de legitimidade política, há razões para ele estar inquieto.»