Uma militante cristã ortodoxa não gosta do conteúdo dos livros de Harry Potter. A prová-lo está a acusação, feita à autora JK Rowlings, de desacreditar o Cristianismo. Por isso, apresentou queixa e o Ministério Publico russo decidiu investigar.
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Em causa estão os livros da escritora britânica JK Rowlings, sobre o pequeno feiticeiro Harry Potter. Segundo a queixa apresentada aos órgãos de investigação judicial, por uma habitante de Moscovo, cristã ortodoxa, os livros de JK Rowlings difundem a bruxaria e desacreditam a ortodoxia.
A crente ortodoxa ficou particularmente ofendida com o segundo livro de Harry Potter, «A Câmara dos Segredos», de onde retirou algumas frases, para suportar a queixa, onde estarão, segundo ela, provas do crime.
O Ministério Publico russo ainda não abriu um inquérito oficial mas exigiu à Câmara dos Livros, a organização pública que visiona a publicação de livros no país, que apresentasse as quatro obras de Rowlings já publicadas na Rússia, bem como todos os livros da editora Rosman, que publica o Harry Potter no país.
As obras de Rowlings gozam de grande popularidade na Rússia e já venderam mais de três milhões e meio de exemplares. No entanto, as vendas poderão ser suspensas se as autoridades encontrarem nos livros provas da violação do artigo 282 do Código Penal da Rússia, que proíbe o incentivo da discórdia nacional, racial ou religiosa.
Se o caso chegar a tribunal e a crente ortodoxa russa tiver razão, a autora dos livros de Harry Potter não corre o risco de ser condenada na Rússia, mas o director da editora incorre numa pena de prisão que pode ir até cinco anos.
Por sua vez, a editora diz estar «perplexa» com esta queixa e critica a decisão do Ministério Público em rever as obras, afirmando que tal «faz lembrar a censura soviética».
Esta é a terceira vez que o Ministério Publico na Rússia se preocupa com estas questões, no corrente ano. Nos dois casos anteriores, os autores dos livros foram a tribunal e estão a ser acusados de difundir pornografia.