Faz hoje 40 anos que foi para o espaço o primeiro homem. Nos tempos da guerra fria, Yuri Gagarin passou a ser um herói soviético, mas hoje continua como referência para os jovens de Moscovo.
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«A Terra tem um belo halo azul (...) uma suave transição de cores desde o azul bebé ao azul escuro e púrpura e depois vemos a cor completamente negra do céu», foram estas as palavras que Yuri Gagarin escreveu, a 12 de abril de 1961, no diário de bordo da cápsula espacial.
O diário de bordo de Gagarin, para aproveitar este aniversário, vai ser vendido em leilão, daqui a um mês. A Christies de Nova Iorque oferece como base de licitação 150 mil dólares (33 mil e 900 contos), mas o primeiro documento a ser escrito no espaço pode chegar aos 200 mil dólares (cerca de 45 mil contos).
Gagarin continua a ser de tal modo importante para a Rússia que nem a cidade a que ele deu nome voltou à toponímia antiga. Em Gagarin, uma cidade de 30 mil habitantes a 180 quilómetros de Moscovo, as ruas estão engalanadas e os monumentos floridos para celebrar a memória.
E quem mais se revê nesta memória são os jovens. Grupos de música «techno» dedicam canções ao primeiro homem no espaço, a voz do cosmonauta é utilizada para misturar a música electrónica. Os jovens russos dizem mesmo que Gagarin «está na moda», ele é «um mito» e alguns, num tom meio irónico meio a sério, pedem «a canonização» do primeiro homem no espaço. Ele é a única personagem do velho império soviético que os jovens russos querem como exemplo para o século XXI.
Assim, os escândalos do passado, que apontavam Gagarin como um alcoólico, acusado de adultério e de desobediência aos oficiais soviéticos, estão agora esquecidos.