Descoberto em 1999 num glaciar no Canadá, o «Homem do gelo» vai agora ser cremado no próximo sábado, a pedido dos indígenas. Isto coloca problemas aos cientistas, que não vão poder adiantar as investigações, de forma a determinar a idade exacta da múmia.
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O «homem do gelo» canadiano vai ser incinerado no sábado numa cerimónia indígena, o que vai impedir os cientistas de averiguarem a sua origem. O «homem do gelo» foi descoberto em 1999 num glaciar.
Contudo, antes do corpo de Kwaday Dan Sincho, o nome que lhe foi dado pelos indígenas e que significa «pessoa do passado que regressa», ser reduzido a cinzas, os cientistas recolheram bastantes amostras, o que lhes vai permitir continuar as investigações.
Mas apesar destas medidas, o grupo de investigadores de cinco países que estão a tentar descobrir a origem de Kwaday não conseguiram até agora descobrir a sua idade exacta, a origem étnica ou mesmo em que datas viveu ou morreu.
Os restos partidos em dois, o tronco sem cabeça e sem braço direito e as extremidades inferiores, foram descobertos em Agosto de 1999 por três caçadores no extremo noroeste do território canadiano.
Os investigadores apontam para que Kwaday tivesse cerca de 20 anos na altura da sua morte, no glaciar Tatshenshini-Alsek, cujos gelos contribuíram para a conversação do sue corpo. Kwaday viajava com um pequeno pacote de salmão seco e com uma faca atada à extremidade de uma vara. As roupas, fabricadas com peles de esquilos, datam de entre 1415 e 1490, mais de três séculos antes da chegada dos europeus ao extremo norte da costa norte-americana do Pacífico, sendo este facto, tudo aquilo que os investigadores sabem sobre Kwaday.
Estes restos humanos fazem de Kwaday a múmia mais antiga descoberta no Canadá. Esta é também uma das melhores oportunidades dos cientistas para entenderem o mundo passado dos indígenas da costa do Pacífico canadiano.
Por esta razão, os indígenas champagne-asihihik, em cujo território histórico foi descoberta a múmia que reclamam como se de um antepassado se tratasse, aceitaram que os cientistas «profanassem» o corpo para realizar estudos.
Depois de dois anos de investigação, e apesar de alguns cientistas se oporem à cremação do corpo, os champagne-asihihik acharam que tinha chegado o momento do espírito de Kwaday se encontrar com o dos seus antepassados.
O porta-voz dos champagne-asihihik, Lawrence Joe, justifica a cremação de sábado dizendo que «esta era uma janela para o nosso passado. Mas há momentos em que a cultura e as crenças são o mais importante e devem ser respeitados».