Clint Hallam, o homem que há dois anos recebeu o primeiro transplante de uma mão, quer amputá-la alegando que o resultado não está a evoluir da maneira como esperava. Uma decisão que não agrada à equipa médica assistente.
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Clint Hallam, o homem que há dois anos recebeu o primeiro transplante de uma mão, pediu aos médicos a amputem, alegando que, clinicamente, o resultado não está a evoluir da maneira como esperava.
«Mentalmente, estou separado da mão», declarou o neozelandês, de 50 anos, numa entrevista publicada na sexta-feira pela revista «Times».
«Quando os sintomas de rejeição começaram, percebi que não se tratava da minha mão. E, se é isso que vou ter que suportar pelo resto da minha vida, prefiro amputá-la», acrescentou Hallam, que cumpria uma pena de dois anos de prisão por fraude quando perdeu a mão num acidente com uma serra eléctrica.
Depois do acidente, uma equipa de cirurgiões de Lyon, França, implantou outra mão no antebraço do paciente, numa operação que entrou para a história da medicina, segundo a agência Associated Press.
Mas em todo este processo Clint Hallam deixou os médicos irritados ao simplesmente «desaparecer» por algumas vezes, além de se negar a continuar um tratamento essencial à base de medicamentos.
Uma atitude explicada por Hallam. O neozelandês disse que deixou de tomar os medicamentos contra rejeição porque sofria de diarreia crónica e ficava constantemente constipado, além de sentir náuseas e ser alvo de um emagrecimento repentino.
Um dos cirurgiões, Dr. Nadey Hakim, do Hospital St. Mary de Londres, que segundo Hallam não quer realizar a amputação, disse lamentar a escolha do paciente. «Oferecemos a grande oportunidade da sua vida e ele, simplesmente, arruina-a ».
«Lamento por ele, por nós e por todos que lhe ofereceram tanto», declarou o médico, acrescentando que «a selecção do paciente para este transplante foi muito rigorosa, mas acabámos por fazer uma má escolha».
Neste momento Clint Hallam, que se encontra nos Estados Unidos a tentar encontrar uma equipa médica que lhe ampute a mão, está a escrever um livro sobre a sua experiência a fim de advertir para os riscos da operação, cujo título seria: «Dias perdidos e noites perdidas».