A administração do Hospital de Faro anunciou que vai instaurar um processo interno para averiguar as circunstâncias em que um homem com Síndroma de Down morreu naquela unidade no passado domingo.
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O anúncio foi feito em comunicado na sequência de uma denúncia do deputado José Mendes Bota, que divulgou esta quarta-feira à imprensa um requerimento enviado à Assembleia da República (AR) onde pede ao Ministério da Saúde que instaure um inquérito para averiguar a morte.
De acordo com o documento, redigido com a autorização dos pais, o utente que faleceu no hospital estava internado há cerca de um mês aparentemente por um problema de dores ósseas, mas viria a morrer por insuficiência cardio-respiratória.
De acordo com Mendes Bota, o paciente - com 36 anos - esteve três dias em cima de uma maca num corredor do Serviço de Urgências, em «sofrimento» e «solidão» sem assistência «digna de registo», situação agravada pela sua deficiência.
O deputado quer ver esclarecido se existe ou não um tratamento diferenciado a pessoas com deficiência, atendendo à sua situação de fragilidade agravada e de dificuldade de expressão, em contraponto com o tratamento dado às pessoas sem deficiências.
O homem de 36 anos nunca teria tido quaisquer problemas de natureza cardíaca e nos exames realizados durante o seu internamento na unidade não foi detectado qualquer indício desse tipo de perturbações.
Segundo referiu a família ao deputado algarvio, o paciente que tinha uma infecção nas vértebras, contraiu, aparentemente durante o seu internamento no hospital, um outro vírus de natureza contagiosa.
«Será que este falecimento dentro de uma unidade hospitalar 'central' é uma consequência das condições terceiro-mundistas de que os seus profissionais dispõem para trabalhar, desde o funcionamento das Urgências ao elevado risco de contracção de vírus graves?», questiona Mendes Bota.