Um paciente norte-americano recebeu o primeiro coração totalmente mecânico do mundo, feito de titânio e plástico. A operação foi dirigida por médicos que já tinham feitos implantes semelhantes em vitelas.
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Foi implantado o primeiro coração totalmente mecânico a um paciente americano que estava à beira da morte. A operação foi realizada no Hospital Judeu de Louisville (Kentucky).
A intervenção foi realizada por cirurgiões da universidade de Louisville e dirigida pelos médicos Laman Gray e Robert Dowling - que já testaram a implantação do aparelho em vitela.
«Esta é uma via que, depois de aperfeiçoada, pode ser uma resposta tecnológica para o problema da insuficiência cardíaca, que afecta cada vez mais pessoas em todo o mundo», sublinhou Manuel Oliveira Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPG), à Lusa.
De acordo Oliveira Carrageta, que também é director do serviço de cardiologia do Hospital Garcia de Orta, «há cada vez mais necessidade de transplantes de coração e não existem órgãos suficientes para manter estes doentes vivos».
Coração mecânico pode evitar efeitos secundários
Além disso, «o transplante de um órgão biológico provoca processos imunológicos de rejeição que são atenuados com muita medicação, mas provoca sempre efeitos secundários», explicou Carrageta.
«Se for possível produzir um coração mecânico com material inerte esses problemas deixam de existir», sublinhou. Um coração artificial poderá ser também mais duradouro, já que um coração transplantado ao fim de dez anos apresenta geralmente problemas.
Quanto ao aparelho implantado esta terça-feira, fabricado pela empresa Abiomed Incorporated, de Danvers (Massachusetts), o presidente da FPC considerou que poderá ainda não ser a resposta perfeita e que é necessário «esperar para ver».
Coração do tamanho de uma laranja
O aparelho tem o tamanho de uma laranja e está desenhado para que as pessoas que o recebam possam ter uma vida normal após a operação, sendo totalmente portátil.
O coração mecânico recebe energia de uma bateria que, através da pele, alimenta um circuito implantado no peito que conta com um controlo e uma bateria de substituição.
Os corações artificiais implantados desde os anos 80 eram aparelhos que necessitavam de estar ligados a cabos e maquinarias fora do corpo do doente, ou seja fixos.