Os ministros da Administração Interna e da Justiça mandaram abrir um inquérito conjunto para esclarecer a actuação da PSP e da Polícia Judiciária. Em causa as versões contraditórias sobre a encenação montada pela PSP quando na sexta-feira saiu do tribunal de Setúbal o homem que manteve quatro pessoas reféns na agência do BES.
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A PJ diz que só foi informada do sequestro na agência bancária hora e meia depois de ter começado. Por outro lado, a PSP diz que o caso era da sua exclusiva competência, porque em causa estava a reposição da ordem pública.
Durante as 13 horas que durou o sequestro os elementos destacados pela PJ permaneceram no local, mas apenas como meros observadores.
Resolvida a questão, detido o suspeito, o homem acabou por ser entregue aos investigadores da secção regional de luta ao banditismo, visto ser essa a equipa que tem a exclusiva competência para investigar assaltos a bancos.
Mas o mais caricato estava ainda por acontecer e teve lugar no interior do tribunal onde o assaltante foi ouvido na passada sexta-feira.
Os agentes da PSP presentes terão pedido à PJ para que fossem eles a transportar o arguido.
Perante a recusa da PJ, a PSP decidiu encenar a saída do homem do tribunal, colocando ao que tudo indica um agente no lugar do indivíduo suspeito de ter assaltado o banco.
O arguido encontrava-se ainda no tribunal, sendo depois transportado num carro descaracterizado.
Tendo em conta estas versões, os ministros da Justiça e da Administração Interna querem saber o que aconteceu de facto e pediram uma investigação conjunta à Inspecção-Geral da Administração Interna e à Inspecção-Geral dos Serviços da Justiça, dando um prazo de 15 dias para que o inquérito esteja concluído.